Por Gabriel Araujo e Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Airbus espera propor à Embraer no médio prazo colaborações nos setores de defesa e espacial, disse à Reuters o executivo que lidera a divisão da companhia na região, observando que as duas empresas podem se complementar em alguns sentidos.

Qualquer acordo em potencial segue distante, uma vez que negociações ainda não tiveram início, mas a companhia francesa tem a intenção de abrir conversas no futuro, disse o vice-presidente de defesa e espaço da Airbus na América Latina, Víctor De La Vela, em entrevista durante a feira de defesa e segurança LAAD, no Rio de Janeiro.

“Um dos objetivos que tenho a médio prazo é sentar com a Embraer para estudar áreas de colaboração que possam beneficiar ambas as empresas e ver se podemos cooperar,” disse De La Vela na quinta-feira.

A Embraer não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

“Se pudermos encontrar um programa que satisfaça ambas as partes, acredito que seria muito positivo. Estamos abertos para que isso aconteça”.

A principal rival da Airbus, a norte-americana Boeing, abandonou em 2020 um para comprar a unidade de aviação comercial da Embraer, que também se estenderia a apoiar o cargueiro militar KC-390, carro-chefe da empresa na área.

O portfólio de defesa da Airbus inclui as aeronaves A400M e o C295, que são respectivamente maiores e menores que o KC-390. A companhia brasileira também comercializa o Super Tucano, uma aeronave de ataque leve.

De La Vela disse ver potenciais colaborações surgindo em áreas como aeronaves não tripuladas e tecnologias espaciais, inclusive para novos produtos, mas acrescentou que antes gostaria de ouvir a Embraer. Satélites e radares fazem parte dos portfólios das empresas.

A Força Aérea Brasileira opera aeronaves das duas companhias, entre elas o KC-390 e o A330. O produto da Airbus será convertido em sua versão avião-tanque MRTT no país.

De La Vela disse que a Airbus espera que os MRTTs brasileiros abram espaço para a aeronave no mercado latino-americano, observando que há negociações em andamento com outros quatro países da região não revelados.

A Airbus também está em discussões iniciais com o Brasil sobre a possibilidade de aquisições de serviços de satélite, ele acrescentou, destacando que esses dispositivos podem ajudar a monitorar o desmatamento e atividades ilegais na Amazônia.

(Reportagem de Gabriel Araujo e Rodrigo Viga Gaier)

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