07/05/2020 - 10:06
A mortal vespa asiática gigante foi vista pela primeira vez nos Estados Unidos, despertando alarme sobre a população de abelhas já vulnerável e muito barulho nos últimos dias nas redes sociais, em meio ao confinamento pela pandemia de coronavírus.
Dois espécimes da também chamada “vespa assassina”, ou Vespa mandarina segundo sua denominação científica, foram encontrados no estado de Washington (noroeste) no final do ano passado e, desde então, cientistas se concentram em rastrear a presença de mais exemplares para erradicá-los.
+ Clima deve dificultar introdução de “vespas assassinas” no Brasil, diz especialista
+ Apicultores dos EUA perdem 42% das colônias de abelhas
O inseto é nativo da Ásia Oriental e do Japão e pode medir cerca de 5 cm, quase oito quando se leva em consideração a envergadura das asas. É corpulento e, com um veneno poderoso e uma mandíbula afiada, é capaz de invadir e “massacrar” uma colmeia de abelhas em questão de horas.
Karla Salp, porta-voz do departamento de Agricultura de Washington, afirma que “como a maioria das espécies invasoras, não há como saber como o vespão asiático gigante chegou à América do Norte”.
“Existem várias teorias, mas todas são suposições e provavelmente nunca saberemos”, acrescentou. Uma delas diz que vieram em um contêiner de carga por acaso.
Armadilhas foram colocadas em toda a região para capturar outras vespas que possam estar na área, para impedir que se espalhem na América do Norte e se estabeleçam permanentemente.
“Neste período de armadilhas e com a ajuda da educação pública e o incentivo para informar sobre avistamentos suspeitos, esperamos ter uma ideia melhor de onde estão para erradicá-los”, considera Salp.
O único ninho encontrado até agora na América do Norte foi destruído em Nanaimo, ilha de Vancouver.
“Os extensos estudos realizados no outono (boreal) de 2019 não mostraram nenhum sinal de presença”, afirmou Paul van Westendorp, apicultor da Columbia Britânica, Canadá.
– “Cancele seus planos” –
Chris Looney, entomologista do departamento de Agricultura de Washington, explicou que quando as vespas invadem uma colmeia, matam as abelhas literalmente arrancando-lhes a cabeça com suas garras.
Então, ocupam o ninho por uma semana ou mais, alimentando-se de pupas e larvas.
Já nos últimos 15 anos, as colônias diminuíram devido a um fenômeno conhecido como “problema de colapso”, no qual as abelhas operárias de uma colmeia desaparecem abruptamente.
O risco que representam para os humanos é significativamente menor. Estima-se que cerca de 50 pessoas morrem no Japão a cada ano por estes insetos.
“Geralmente não atacam as pessoas”, disse Salp. “Só atacarão se sentirem ameaçados. Portanto, desde que você não pise em um ninho ou se aproxime de uma colmeia de abelhas que tenham assumido, há um risco muito baixo de que te piquem”.
A descoberta acrescenta outra preocupação em meio à pandemia de coronavírus, que nos Estados Unidos já matou mais de 72.000 pessoas.
Nas redes sociais, os “vespões assassinos” entraram para os assuntos mais comentados.
“Agora tenho que me preocupar com um vespão me assassinando. O mundo está acabando”, escreveu uma usuária no Twitter, @drizzydrea18.
“Cancele seus planos e objetivos para 2020”, publicou @joserosado com uma imagem de dois braços musculosos em uma queda de braços: um identificado como o coronavírus e o outro como a vespa.
“A resposta nas redes sociais tem sido interessante”, afirmou Salp. “Raras vezes uma espécie invasora recebe tanta atenção nos meios”.
“Esperamos que o resultado final seja que as pessoas se familiarizem mais com as espécies nativas e que possam relatar às autoridades caso vejam algo que lhes pareça suspeito”.