A Uefa abriu nesta quarta-feira um processo disciplinar contra as federações de futebol da Sérvia e da Albânia devido aos incidentes que levaram à suspensão da partida entre as seleções dos dois países na terça-feira, pela terceira rodada das eliminatórias da Eurocopa-2016.

A entidade informou que o caso será avaliado no dia 23 de outubro.

No estádio Partizan de Belgrado, a confusão começou quando um drone sobrevoou o estádio lotado com 20.000 sérvios exibindo uma bandeira albanesa. Ela foi arrancada pela sérvio Mitrovic quando chegou se aproximou do gramado.

Os jogadores albaneses não gostaram da atitude do adversário e partiram para cima do jogador, desencadeando um tumulto generalizado entre os atletas das duas seleções. Durante a confusão, alguns torcedores invadiram o campo e chegaram a usar cadeiras para agredir os atletas da equipe visitante.

Em seguida, a torcida sérvia atirou sinalizadores e outros objetos no gramado.

Sem condições de segurança para reiniciar o jogo, o árbitro e o delegado da partida decidiram suspender o duelo.

A Sérvia está sendo investigada por conta dos sinalizadores arremessados pelos torcedores e pela invasão do gramado, além das deficiências na organização da partida. Já a Albânia deve ser punida por ter se recusado a jogar e pelo uso não autorizado de uma bandeira.

A bandeira que deu início ao tumulto representava a “Grande Albânia”, um projeto nacionalista que tem como objetivo reunir em um mesmo Estado as comunidades albanesas de Albânia, Kosovo, Montenegro, Macedônia, Grécia e do sul da Sérvia.

O jogo foi disputado sem a presença da torcida albanesa, já que era considerado de alto risco pela Federação Sérvia por conta das tensões políticas entre os dois países.

De acordo com a televisão estatal sérvia RTS – que cita o Ministério sérvio do Interior -, Olsi Rama, irmão do primeiro-ministro albanês, Edi Rama, foi detido acusado de guiar o drone a partir da tribuna de honra.

Em Tirana, capital da Albânia, uma fonte ligada a Rama negou que o irmão do premiê estivesse detido em Belgrado.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, condenou o incidente na manhã desta quarta-feira.

“O futebol nunca deveria ser usado para mensagens políticas. Condeno com firmeza tudo o que aconteceu em Belgrado”, afirmou o dirigente na sua conta no Twitter.

Já o presidente da Uefa, Michel Platini, mostrou-se inconformado com o episódio em uma entrevista ao canal francês TF1.

“Esses incidentes não são apenas vergonhosos, são perigosos! Imaginem só se, ao invés de uma bandeira, uma bomba estivesse sendo carregada pelo drone. Há muita tensão nestes países”, disse.

“O futebol precisa unir as pessoas e o jogo não deve ser misturado com qualquer forma de política. As cenas de Belgrado são indesculpáveis”, havia postado mais cedo no Twitter Pedro Pinto, assessor de imprensa de Platini.

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