22/12/2000 - 8:00
A festa, que prometia ser boa, vai ficar melhor ainda. Não bastasse as 10 novas companhias de telefonia celular que devem começar a atuar a partir de julho de 2001 com o novo padrão GSM nas bandas C, D e E, atuais operadoras do setor estudam também a adesão à nova tecnologia. A entrada dos convidados de última hora só poderia animar os fornecedores. Uma das mais entusiasmadas é a Alcatel. Até agora, a companhia ficou de fora da telefonia móvel no Brasil porque não utiliza os padrões vigentes CDMA e TDMA. ?Estamos em contato com os consórcios que querem iniciar operações no ano que vem com GSM, mas também com operadoras já estabelecidas?, admite João D?Amato Neto, diretor geral de comunicação móvel da Alcatel. Os entendimentos em curso podem elevar substancialmente o volume de negócios, inicialmente previstos em cerca de R$ 6 bilhões até 2005.
A possibilidade de uma maior adesão ao GSM surge porque ele permite, por exemplo, navegar na Internet com o celular em um velocidade de 50 kilobits por segundo, a mesma da maioria dos modens de computadores domésticos. O desempenho é muito superior aos 14 kilobits ofertados por operadoras como a Telesp Celular, que usa o padrão CDMA. Feliz em poder trabalhar com o GSM no Brasil, a Alcatel tem grandes planos para o futuro. O faturamento da filial, que foi de R$ 880 milhões em 1999, deve registrar um bom salto no novo milênio. ?Vamos investir US$ 50 milhões na nossa fábrica em São Paulo para criar a linha de montagem das estações rádio-base, fazer marketing e treinar o pessoal?, ressalta D?Amato. Outros tantos milhões, não divulgados, irão para a sua primeira fábrica de celulares no País. ?A partir de 2001, a telefonia móvel deve representar boa parte dos nossos negócios?. A empresa hoje tem a maioria da receita originária de infra-estrutura para a telefonia fixa.
A adoção do GSM em parte dos sistemas das operadoras já atuantes no Brasil é algo plenamente permitido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Elas não terão de participar dos leilões marcados a partir de 30 de janeiro, cujos preços mínimos somam R$ 3 bilhões, mas pagarão taxas para o governo. Ericsson, NEC e Lucent, que já forneciam estações rádio-base para as operadoras, também serão beneficiadas, já que trabalham também com GSM. Uma curiosidade dessa tecnologia é que os aparelhos celulares vêm com um cartão de 1 centímetro de largura e 2 de comprimento, onde todos os dados do cliente são guardados. O sistema, que permite um roaming global muito mais fácil, possibilita também que o cartão possa ser embutido em qualquer aparelho GSM, eliminando problemas causados por baterias descarregadas, por exemplo. Muitas operadoras, como a Telesp Celular, mostram-se oficialmente céticas em relação ao sucesso do novo padrão. Já o vice-presidente de tecnologia da BCP, Carlos Boschetti, diz que estuda o uso do GSM em parte da sua rede no futuro. ?Podemos fazer isso para garantir um bom trânsito de dados e voz para clientes corporativos?, diz Boschetti. A ATL, por sua vez, admite até que poderá migrar totalmente para o novo padrão. A briga vai ser boa.