Geraldo Alckmin, vice-presidente do país e atual responsável pelo Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), minimizou as ameaças de Donald Trump sobre uma nova taxa nas importações de alumínio e aço do país. “Vamos aguardar, porque nós acreditamos muito no diálogo”, disse. “A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações.”

+EUA são os maiores compradores de aço do Brasil e top 3 de alumínio; veja ranking

+Trump diz estar comprometido com posse de Gaza pelos EUA

O ministro destacou ainda o histórico de relações diplomáticas entre ambos os países. “Nós temos uma relação de 200 anos. Brasil e Estados Unidos tem dois séculos [de relações], e é uma colaboração mútua, é um ganha-ganha.”

Ao mesmo tempo, Alckmin não descartou a criação de novas taxas sobre os Estados Unidos. “O Brasil pode adotar reciprocidade, pode também estudar a taxação de produtos de tecnologia, de plataformas de tecnologia americanas”, exemplificou.

Os Estados Unidos são hoje o principal destino do aço brasileiro. Representam também o segundo maior comprador em valores do alumínio do Brasil.

Alckmin destaca cotas durante taxação anterior

O ministro lembrou também que taxas assim já foram implementadas. Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu a vários parceiros comerciais — incluindo Canadá, México e Brasil — cotas isentas de impostos.

Para aço semiacabado, a cota foi de foi de 3,5 milhões de toneladas e, para o produto acabado (aços longos, planos, inoxidáveis e tubos) foi de 543 mil toneladas.

Biden estendeu essas cotas para Reino Unido, Japão e União Europeia, e a utilização da capacidade das usinas siderúrgicas dos EUA passou a cair nos últimos anos.

“Quem tem mais competitividade consegue colocar mais e melhor os seus produtos em benefício da população”, analisou Alckmin. “A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações.”

Para fortalecer seu argumento em favor do diálogo, Alckmin destacou dados da economia de ambos os países no último ano. “O ano passado cresceu fortemente o comércio Brasil e Estados Unidos. Ele é equilibrado. Nós exportamos US$ 40,2 bilhões para os Estados Unidos. Importante que é valor agregado, avião, automóvel, enfim. E eles exportam para nós até um pouco mais, US$ 40,5 bilhões. Então ela é equilibrada, é um ganha-ganha, eles até têm um pequeno superávit sobre o Brasil.”

Ameaça de impostos

O presidente Donald Trump falou a jornalistas no domingo, 9, sobre os planos de introduzir novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA. O Instituto Aço Brasil e a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) não quiseram comentar as ameaças.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, utilizou uma rede social para negar que uma retaliação à taxação do aço e do alumínio esteja em estudo. “Não é correta a informação de que o governo Lula deve taxar empresas de tecnologia se o governo dos Estados Unidos impuser tarifas ao Brasil”, disse.

“O governo brasileiro tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos”, complementou Haddad.

O segundo mandato de Trump tem sido marcado por ameaças de taxação contra outros países. Ele chegou a assinar taxas de 25% sobre importações do México e Canadá, mas concedeu a ambos um adiamento de 30 dias em 3 de fevereiro, após ambos os países concordarem em reforçar a segurança de suas fronteiras contra o tráfico de drogas e a imigração ilegal. Também criou impostos de 10% sobre categorias de produtos chineses, e a China respondeu com novas taxações sobre mercadorias estadunidenses.

Mercado global de aço

A produção mundial de aço bruto alcançou 1,89 bilhão de toneladas em 2023, das quais mais da metade (1,02 bilhão de toneladas) foram produzidas pela China, o maior fabricante mundial, de acordo com os últimos números disponíveis da World Steel.

Os Estados Unidos, muito atrás com 82 milhões de toneladas, importaram 26,4 milhões de toneladas desse metal em 2023, sendo assim o segundo maior importador mundial, atrás da União Europeia.

Os preços mundiais do aço caíram consideravelmente no último ano devido ao excesso de produção. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o excedente mundial de aço varia entre 500 e 560 milhões de toneladas.

O MDIC, pasta chefiada por Alckmin, manteve a posição de que só comentará o tema das taxas quando forem confirmadas em um anúncio oficial.

(*com informações da Reuters, AFP e Estadão Conteúdo)