O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), lançou nesta  segunda-feira, 9, o portal “SSP – Transparência”, que vai  disponibilizar, inicialmente, o acesso a mais de 120 mil dados  criminais.

A prioridade é o acesso aos boletins de  ocorrência de crimes contra a vida. Boletins de homicídio, latrocínio,  lesão corporal seguida de morte registrados desde 2003, e morte  decorrente de oposição à intervenção policial e casos de morte suspeita  registrados a partir de 2013. Ao todo, são 64 mil dados. Também serão  disponibilizados informações sobre os laudos do Instituto Médico Legal  (IML).

Alckmin afirmou que o portal representa um avanço.  ”A partir de agora, estão disponíveis o número de vítimas e também de  ocorrências de homicídio. Todos os BOs bem como os BOs complementares  estarão disponíveis”, afirmou.

Quem acessar o site da Secretaria  da Segurança Pública (SSP) terá acesso ao nome da vítima e ao local do  crime. Não serão divulgados a filiação e o histórico do BO, que só será  disponibilizado se autorizado pela SSP. O titular da pasta, Alexandre de  Moraes, alega que, se o caso estiver sob segredo de Justiça, tiver  conteúdo de crimes sexuais, o histórico não será divulgado.

Se não houver restrições legais, segundo Moraes, o histórico será disponibilizado em até 30 dias.

Segundo  dados da própria secretaria, o material disponibilizado representa  0,18% dos 34,9 milhões de casos que chegaram à polícia. Somente no  primeiro trimestre deste ano, foram 719 mil registros.

Levantamento  feito pela reportagem mostra que apenas os homicídios dolosos  registrados de 2003 para cá somam 72,5 mil boletins – número superior ao  que deve ser divulgado pelo governo. Além da baixa quantidade de dados,  são poucas as naturezas criminais incluídas no lançamento do portal. Há  outros 13 crimes que têm estatísticas publicadas mensalmente no site da  SSP, mesmo que sem os boletins, que não entraram na lista de  divulgação. Entre eles estão os casos de estupro, roubo, tentativa de  homicídio e acidentes de trânsito, por exemplo.

Apesar de  incompleta, a nova ferramenta trouxe avanços à transparência policial,  disse o coronel da reserva José Vicente da Silva, que é consultor em  segurança. Para ele, apesar das falhas, é preciso reconhecer que São  Paulo é o Estado que mais investe em estatística policial no País. “No  Nordeste, por exemplo, não existe nada parecido”, afirmou.

De  acordo com o coronel, a expectativa é de que o instrumento seja  abastecido com mais dados gradativamente. “Em seguida, devem ser  publicados os registros de roubos. Isso será importante para a definição  de políticas públicas, já que é o roubo o crime que mais tira a  sensação de segurança das pessoas.”