O consumo de bebida alcoólica, mesmo aquele único drinque no final do dia de trabalho, pode ser arriscado para quem faz uso de medicamentos, principalmente os controlados psicotrópicos. Os médicos explicam que o metabolismo do álcool e das medicações é feito no fígado e essa mistura causa uma agressão ao órgão, podendo potencializar ou diminuir o efeito do remédio. “A longo prazo, essa mistura pode causar uma cirrose no fígado, além de alucinações, perda de consciência e até o coma”, explica o médico clínico geral Rodrigo Correa.

O ideal é não consumir nenhuma bebida alcoólica se a pessoa tiver tomado qualquer medicação. “O maior risco é com medicamentos controlados, como anticonvulsivantes, que pode causar diminuição do efeito do remédio, maior agressão ao fígado e crises convulsivas”, alerta Correa.

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Quanto maior o consumo do álcool, maior o risco, orienta Luzo Dantas Neto, médico especialista em hepatites e atendimentos de urgência e emergência. De acordo com ele, a mistura pode alterar o estado mental e o tratamento que o indivíduo estiver fazendo. “A combinação causa hepatites alcoólica ou medicamentosa e essas alterações podem persistir por um bom tempo, sendo demorada a recuperação da lesão hepática”, afirma o médico.

Para quem faz uso de medicamentos para o sistema nervoso central, como ansiolíticos e antidepressivos, essa mistura é mais grave. “Há situações em que o paciente tem insuficiência respiratória, sendo levado para a emergência para suporte ventilatório e manutenção da vida”, explica Neto.

Segundo o médico, após ingerir a medicação por via oral, ela pode ser absorvida no estômago ou intestino e vai para a corrente sanguínea. Depois, quando chega no fígado, para ser metabolizada, pode ter alteração com o consumo da bebida alcoólica ou até mesmo de outros medicamentos, causando alterações nas enzimas do órgão e reduzindo o efeito do remédio. “A maioria das medicações via oral não está pronta para atuar no organismo, ela precisa ser metabolizada no fígado para ter a ação esperada”, finaliza.