A busca pela qualidade de vida tem feito com que muitos empresários e profissionais liberais troquem metrópoles agitadas, como Rio de Janeiro e São Paulo, por outras de menor porte. Este foi o caminho trilhado pelo médico Luiz Sebastião Rosa e sua mulher, Karin, graduada em arquitetura e que produzia brinquedos educativos para a rede paulista de móveis e objetos de decoração Tok&Stok. No início da década de 1990, eles desembarcaram em Florianópolis dispostos a viver uma rotina menos estressante e curtir um pouco mais a vida. Para isso, se estabeleceram em um casarão perto da Lagoa da Conceição, um dos cartões-postais da capital catarinense. O ambiente bucólico serviu de berço para o nascimento da Imaginarium. 

100.jpg
Inovação: Rosa (acima) aposta, agora, em modelo de franquias direcionadas às cidades de porte médio

A marca, que se tornou sinônimo de produtos de consumo com uma pegada de design no País, deve fechar o ano com faturamento de R$ 110 milhões, montante 22% maior que o obtido em 2010. Prestes a completar a maioridade, a rede se prepara para dar seu salto mais ambicioso: abrir 100 pontos de venda até 2015 e atingir vendas de R$ 235 milhões. O que deve representar um investimento global estimado em R$ 40 milhões. Boa parte das unidades será no modelo compacto, com 35 m² de área, e terá como foco as cidades com cerca de 150 mil habitantes. Uma delas é Sete Lagoas, na  Grande  Belo Horizonte. “O que faz da Imaginarium uma rede única é nossa aposta no conceito de fun design, que mescla criatividade, leveza e funcionalidade, além da constante inovação”, diz Rosa, mais conhecido por Tião.  

No casarão onde nasceu o primeiro empreendimento de Rosa, em 1991, um misto de bar, loja de objetos de decoração e floricultura, funciona o quartel-general da companhia. O cérebro da operação é o departamento de design, onde 14 técnicos dão expediente diariamente. Lá, são concebidos 360 produtos por ano. O projeto é, então, repassado aos fabricantes parceiros incumbidos da produção. São 120 na China e 80 no Brasil. Com isso, a marca consegue manter um ritmo constante de lançamentos, o que possibilita a renovação das vitrines das lojas a cada 25 dias. Trata-se de uma característica importante para uma grife cultuada, principalmente, por mulheres de até 30 anos.  “Esse público gosta de novidade”, afirma o consultor Luiz Henrique Stockler,  diretor da Stockler, especializada em gestão de varejo e franquias. “E a Imaginarium soube fazer desse componente um de seus diferenciais competitivos.” 

 

102.jpg

 

 

Para melhorar o tíquete médio de vendas, atualmente na casa de R$ 100, a rede adicionou submarcas ao seu portfólio. Uma delas é a Visto, de camisetas, bolsas e chapéus. Também ingressou no setor de calçados, com versões de tênis All Star, feitos em parceria com a americana Converse, e eletrônicos, com uma dock station iHello Kitty, para iPod, da americana Sanrio. Para crescer de forma mais rápida, a Imaginarium apostou desde o início no sistema de franquias. Hoje, tem apenas uma loja própria, em Florianópolis. “Decidimos nos concentrar no desenvolvimento dos produtos, deixando a comercialização para os parceiros”, diz Carlos Zilli, diretor-geral da Imaginarium. Ele ingressou na empresa em 2005, para estruturar o projeto de profissionalização da gestão. 

 

Desde então, Rosa, o fundador, passou a atuar apenas no Conselho de Administração. Suas duas filhas, Cecília e Nanina, continuam com funções executivas na companhia. Apesar do começo baseado fortemente na intuição, Rosa conta que o crescimento da Imaginarium é fruto de trabalho duro e também de muito estudo. Antes de se aventurar nessa empreitada, ele “devorou” livros de marketing e conversou com vários especialistas. “Nosso modelo de negócio é o resultado de tudo que vi pelo mundo e aprendi nos livros”, afirma. 

 

101.jpg