Às margens do Rio Pinheiros, em São Paulo, um imenso cilindro colorido, que se assemelha a uma caixa d’água industrial, passou a compor desde 2021 a paisagem de um dos cartões-postais da capital paulista. Próximo à Ponte Estaiada, o megatanque está sempre cheio de oxigênio dissolvido supersaturado, gás que ao ser injetado na água putrefata ajuda na depuração do esgoto e a eliminar o mau cheiro. A tentativa é de devolver vida ao rio.

Aquela miniestação de tratamento, com investimento de R$ 40 milhões em cinco anos, é parte do Programa Novo Rio Pinheiros, uma iniciativa de R$ 1,7 bilhão da Sabesp para tentar salvar o rio e a reputação (ou o que restou dela) dos inúmeros governos estaduais, que vêm e vão, e exploram a despoluição do esgoto a céu aberto apenas como promessa de campanha eleitoral.

Por trás dessa tecnologia está a alemã Messer Gases, companhia centenária com faturamento global de 4,1 bilhões de euros no ano passado. A empresa está no Brasil desde 2019 e já transformou a operação em uma das top 10 do grupo no mundo.

Mais do que atuar em cartão-postal da cidade, a Messer pretende transformar a sua tecnologia em um cartão de visita no País. Sob comando do americano Scott Latta, a empresa está multiplicando seus resultados depois da aquisição, em 2019, da concorrente Linde no Brasil, Canadá, Colômbia e Estados Unidos.

Naquele mesmo ano, comprou a Praxair, no Chile.

“A operação brasileira está entre as de maior potencial de crescimento dentro do grupo nos próximos anos, não só pela dimensão do mercado, mas também pelas oportunidades em diversos setores”, afirmou o CEO, em entrevista à DINHEIRO. “Além do saneamento, queremos ser referência para o setor de alimentos e bebidas, biocombustíveis, energia e medicina.”

Embora seja uma novata no mercado brasileiro, onde a concorrente brasileira White Martins lidera com folga, a Messer Gases não é pequena. A operação inclui 31 unidades no Brasil, sendo 19 no Sudeste, duas no Centro-Oeste, quatro no Nordeste e seis no Sul.

A maior filial está em Jundiaí (SP), responsável pela produção e envase dos gases industriais, medicinais e especiais. A empresa tem hoje 600 funcionários e mais de 5 mil clientes no País.

Scott Latta, CEO da Messer Gases (Crédito:Divulgação)

“Objetivo não é sermos os maiores, mas os melhores nos segmentos em que atuamos.”
Scott Latta, CEO da Messer gases

MOBILIDADE

Para consolidar sua marca como referência em sustentabilidade no mercado brasileiro, a Messer Brasil iniciou um projeto pioneiro em São Paulo com caminhões de transporte de cilindros 100% elétricos.

A substituição dos caminhões a diesel para o modelo elétrico contribui para a meta de redução de poluentes e garante agilidade na logística da companhia, já que os veículos não se enquadram nas regras do rodízio da cidade. O projeto começou a ser desenhado no fim de 2022.

Foram mais de oito meses de preparação até que os caminhões começassem a rodar. Segundo Latta, a iniciativa é uma forma de estimular outros projetos sustentáveis que a Messer Brasil possa realizar no futuro. “O objetivo não é sermos os maiores em um mercado que chegamos há pouco tempo, mas sermos os melhores nos segmentos em que atuamos”, afirmou.

Megatanque próximo à Ponte Estaiada, injeta na água oxigênio dissolvido supersaturado e ajuda na depuração do esgoto e na eliminação do mau cheiro (Crédito:Divulgação)