26/05/2025 - 6:55
A Justiça alemã condenou quatro ex-funcionários da montadora de automóveis Volkswagen por fraude nesta segunda-feira, 26, devido ao envolvimento deles no escândalo de emissões de motores a diesel, quase uma década depois de autoridades dos Estados Unidos terem descoberto um software que manipulava as emissões em milhões de carros da empresa alemã.
Um tribunal na cidade de Braunschweig condenou dois dos quatro réus a prisão, e os outros dois receberam penas em liberdade condicional. Um ex-chefe de desenvolvimento de motores a diesel foi condenado a quatro anos e meio de prisão. Um ex-chefe de eletrônica de acionamento recebeu a pena de dois anos e sete meses de prisão. O réu de mais alto cargo, um ex-chefe de desenvolvimento, recebeu uma sentença de um ano e três meses em liberdade condicional, e um ex-chefe de departamento foi condenado a um ano e dez meses de liberdade condicional.
O veredito encerrou o julgamento que durou quase quatro anos. No entanto, os condenados podem recorrer da sentença.
Esse foi apenas um dos julgamentos do escândalo. Além do processo contra o ex-CEO da Volkswagen Martin Winterkorn, há mais quatro outros processos criminais contra um total de 31 réus abertos em Braunschweig, segundo o tribunal regional.
Além disso, os processos abertos contra nove réus foram arquivados após um acordo para o pagamento de multas. Já os processos contra outros 47 acusados foram interrompidos ainda durante a investigação em troca de multas e com o consentimento do tribunal regional.
E o CEO?
Winterkorn foi acusado pelo Ministério Público em 2019, junto com os quatro condenados desta segunda-feira, mas, mesmo antes de o julgamento começar, a parte relativa a ele no processo foi separada das demais por motivos de saúde.
A maioria dos envolvidos criticou duramente a ausência de Winterkorn, que já foi o líder empresarial mais bem pago da Alemanha, argumentando que ele é o personagem principal do escândalo.
Ao longo do julgamento, e para esclarecer a questão de quem sabia o quê sobre o programa secreto de manipulação de emissões da Volkswagen, os quatro réus acusaram uns aos outros e também a seu então chefe, Winterkorn.
Após anos sem grandes aparições públicas, Winterkorn foi interrogado como testemunha pelo tribunal de Braunschweig num outro julgamento do escândalo, no início de 2024, e negou responsabilidade.
Poucos meses depois, ele compareceu ao tribunal como réu. Ele novamente rejeitou as acusações contra ele e disse que sua carreira foi prejudicada pelo escândalo. Dias depois, ele se envolveu num acidente, o que interrompeu o julgamento recém-iniciado. Se e quando o processo irá ser retomado segue em aberto.
O escândalo
O caso remonta a setembro de 2015, quando autoridades nos Estados Unidos descobriram que a Volkswagen havia instalado um software em seus carros a diesel para fraudar os testes de emissões.
Depois de investigações das autoridades americanas, a Volkswagen reconheceu que equipou cerca de 11 milhões de carros em todo o mundo com software que enganava os testes de emissões de poluentes, incluindo automóveis das marcas Audi e Porsche. Deles, 2,4 milhões foram vendidos na Alemanha. O programa identificava quando o veículo estava em teste e reduzia as emissões do motor.
A montadora sediada em Wolfsburg admitiu a fraude, e poucos dias depois Winterkorn renunciou ao cargo. O escândalo deu início a uma das maiores crises da história da Volkswagen, que já custou cerca de 33 bilhões de euros à empresa, segundo ela mesma. A VW pagou uma multa de 1 bilhão de dólares ao estado alemão da Baixa Saxônia, que é acionista da empresa, e indenizações para cerca de 250 mil compradores de veículos a diesel.
Em junho de 2023, na primeira sentença do caso, o ex-CEO da Audi Rupert Stadler foi condenado em Munique a um ano e nove meses de prisão em liberdade condicional por fraude e a pagar 1,1 milhão de euros. Apesar de um acordo inicial, os advogados de defesa entraram com um recurso.