Doença tem afetado granjas e aves selvagens no país. Propagação tem se agravado com migração de aves no outono e eleva temor de aumento de preços.Mais de meio milhão de aves foram sacrificadas na Alemanha para tentar conter a propagação da gripe aviária, segundo números divulgados pelas autoridades do país europeu nesta segunda-feira (27/10).

Desde o início de setembro, foram detectados 31 surtos da doença em granjas, que se viram obrigadas a sacrificar suas aves, informou o centro nacional alemão de pesquisas de zoonoses, o Instituto Friedrich Loeffler (FLI).

Além desses episódios, foram detectados 73 casos em aves selvagens desde o início do mês passado. Entre as aves sacrificadas estão galinhas, patos, gansos e perus.

Em Neutrebbin, perto da capital, Berlim, uma empresa agrícola teve que sacrificar 50.000 frangos, que foram despejados às centenas na caçamba de um caminhão com a ajuda de uma retroescavadeira.

“A situação evolui tão rapidamente que os números são apenas retratos do momento e refletem mais a magnitude da epizootia que os totais exatos”, declarou uma porta-voz do FLI.

Na semana passada, o o ministro da Agricultura, Alois Raine, já havia alertado sobre um “aumento muito rápido das infeções” por vírus da Gripe Aviária de Alta Patogenicidade (GAAP) no país, afirmando que a principal prioridade era “prevenir a propagação do vírus, proteger os animais e evitar danos na agricultura e indústria alimentar”.

Propagação

As aves selvagens que migram para as regiões do sul são consideradas as principais portadoras da gripe aviária. Embora a doença esteja agora presente na Alemanha durante todo o ano, o risco de infecção aumenta drasticamente durante a migração do outono.

De acordo com o FLI, a atual onda de infecções começou mais cedo do que o habitual. Grous, aves de pernas e pescoço longos que atingem 1 m de altura, também têm sido afetados de forma sem precedentes, particularmente no noroeste do estado alemão de Brandemburgo, onde estão morrendo em grande número. Na semana passada, em Linum, perto de Berlim, voluntários, vestidos com macacões e máscaras, recolheram centenas de grous-comuns selvagens que morreram por causa da doença.

Os números do FLI são apenas parciais, já que a situação está mudando muito rapidamente, disse uma porta-voz do instituto. “Mais casos são esperados”, disse um porta-voz.

Impacto

Em meio a temores de aumento dos preços do frango e dos ovos na Alemanha, há cada vez mais pedidos para que as aves sejam mantidas em recintos isolados para evitar a infecção por aves selvagens. As aves criadas ao ar livre teriam então que ser temporariamente mantidas em galpões fechados. O presidente da Associação da Indústria Aviária alemã, Hans-Peter Goldnick, considerou que um confinamento em escala nacional seria a forma mais eficaz de frear a doença.

O presidente da União de Avicultura da Baviera, Robert Schmack, vem alertando para um potencial aumento de 40% no preço dos ovos e uma menor variedade de produtos nos supermercados.

Goldknick, no entanto, discorda, e afirmou à emissora pública ZDF que “não espera explosões de preços no curto prazo”, nem na época do Natal, até porque a maioria dos gansos na Alemanha é importada da Hungria e da Polônia.

A gripe aviária é uma doença altamente contagiosa entre as aves, causada por diferentes mutações do vírus influenza, transmissor da gripe comum. Segundo o Instituto Federal para Avaliação de Riscos da Alemanha (BfR, na sigla em alemão), a gripe aviária, também conhecida como gripe do frango, costuma ser fatal principalmente em perus e galinhas.

A contaminação da gripe aviária em humanos costuma ser restrita a pessoas que têm contato com aves infectadas, vivas ou mortas, como tratadores ou profissionais do setor. Nesses casos, a letalidade é alta, de cerca de metade dos casos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em aproximadamente duas décadas, o vírus infectou cerca de 950 pessoas, causando a morte de cerca de 460.

Para ajudar a prevenir a propagação do vírus, o FLI recomenda evitar o contato com aves mortas e não usar botas sujas perto de galinheiros que abrigam animais vulneráveis.

jps (AFP, dpa, Lusa)