22/05/2025 - 18:50
Unidade permanente terá quase 5 mil soldados na Lituânia como parte de estratégia de defesa da Otan. País faz fronteira com Belarus e exclave russo de Kaliningrado.A Alemanha apresentou nesta quinta-feira (22/05) sua primeira brigada permanente em solo estrangeiro desde a Segunda Guerra Mundial. A tropa reunirá um total de 4,8 mil soldados e 200 funcionários civis na Lituânia, país que faz fronteira com o exclave russo altamente militarizado de Kaliningrado e com Belarus, aliado de primeira hora do presidente russo Vladimir Putin.
A iniciativa é uma resposta da Otan à invasão da Ucrânia pela Rússia, e surge como parte dos esforços da aliança militar para fortalecer seu flanco leste. É também resultado da pressão exercida pelo presidente americano Donald Trump sobre os países da Otan para que elevem seus gastos militares.
Presente à cerimônia da Bundeswehr em Vilnius nesta quinta, o chanceler federal alemão Friedrich Merz disse que a brigada de tanques blindados inaugura uma “nova era” na história das Forças Armadas de seu país, e assegurou que a Alemanha e seus parceiros da Otan estão preparados para “defender cada centímetro” do território da aliança.
“Qualquer um que desafiar a Otan deve saber que nós estamos preparados. Qualquer um que ameace um aliado deve saber que a aliança inteira irá defender conjuntamente cada centímetro do território da Otan”, declarou Merz. “Proteger Vilnius é proteger Berlim”, afirmou, assegurando aos lituanos que eles podem contar com a Alemanha.
Também presente à solenidade, o presidente lituano, Gitanas Nauseda, acusou Rússia e Belarus de realizarem exercícios militares na fronteira com o seu país.
A Lituânia, a Letônia e a Estônia estão conectadas ao restante da Otan na Europa pelo Corredor de Suwalki, uma pequena faixa de terra considerada uma das regiões mais vulneráveis a um ataque russo.
Brigada ainda não está completa
A brigada alemã na Lituânia é um projeto que começou a ser articulado há cerca de dois anos. Os soldados ficarão estacionados em Rudninkai, próximo a Vilnius e a cerca de 30 quilômetros de distância da fronteira com Belarus.
Dos quase 5 mil soldados, cerca de 400 já estão em suas posições. Até o final deste ano, devem ser 500. Ainda estão em construção casernas, ruas e o prolongamento de uma linha ferroviária, bem como escolas e creches para os filhos dos militares.
O deslocamento completo das tropas está previsto para ocorrer até o final de 2027, e deve render alguma dor de cabeça às Forças Armadas. Para garantir que conseguirá atrair esses soldados, o governo alemão conseguiu aprovar uma lei que turbinou a carreira militar, tornando-a mais vantajosa.
As Forças Armadas alemãs já atuam na Lituânia desde 2017. A Alemanha lidera uma tropa multinacional da Otan ali, lançada em resposta à anexação da Crimeia ucraniana pela Rússia em 2014. Em 1º de abril, essa tropa multinacional passou a ser subordinada à nova brigada permanente alemã no país.
Otan sob pressão para elevar gastos militares
Em meio à crescente pressão sobre os membros europeus da Otan para gastar mais com defesa e se preparar para uma eventual ameaça russa, Merz sinalizou apoio à ideia nesta quinta-feira.
A proposta do secretário-geral da aliança, Mark Rutte, é de que os países-membros passem a gastar 3,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) com defesa e mais 1,5% com infraestrutura relacionada à defesa, como estradas e ferrovias.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também tem pleiteado isso, visando principalmente os europeus.
A nova meta de gastos deve ser adotada na próxima cúpula da Otan, marcada para junho, em Haia.
Esses números “parecem razoáveis, também parecem alcançáveis, pelo menos dentro do prazo estipulado até 2032”, disse Merz. Ele, que assumiu o cargo neste mês, fez da modernização das Forças Armadas da Alemanha uma de suas principais promessas de campanha.
Para cumpri-la, Merz conseguiu aprovar a flexibilização do chamado “freio da dívida”, regra fiscal que limita o endividamento do governo, para financiar o aumento dos gastos com defesa.
No ano passado, os gastos com defesa da Alemanha foram de 2,12% do PIB, ante 1,19% em 2014, segundo estimativas da Otan. Já nos EUA esses gastos foram de 2,7% em 2024, segundo dados do Departamento de Defesa americano.
ra (Reuters, DW, dpa)