09/04/2008 - 7:00
NA ERA DA MOBILIDADE E da internet, o aparelho de fax virou um produto jurássico, concorda? Ele ainda está ali, no escritório, mas meio de canto, até coberto com uma camadinha de poeira pela falta de uso. Mas saiba que no Brasil ainda são comercializados cerca de 100 mil unidades por ano. E um gigante dos eletroeletrônicos, a Panasonic, que nada tem de jurássica, continua apostando no produto e acaba de apresentar sua linha 2008 de aparelhos de fax com dois modelos. Por que tanta atenção para um equipamento que parece condenado depois do advento do email? Quem responde é Sérgio Hadachi, gerente-geral comercial da Panasonic. “Todo cartão de visita tem um número de fax disponível. Não há nada que substitua algumas de suas funções, como, por exemplo, o envio de documentos assinados, sem ter de escaneálos para passar por e-mail”, diz ele. “Há, sim, uma diminuição de documentos enviados, mas as vendas desses aparelhos continuam estáveis.” Segundo Hadachi, a empresa vendeu 90 mil unidades de fax em 2007 – todos importados, já que não há produção local. “O mercado de fax sempre foi muito forte para nós. Temos quase o monopólio no Brasil, com cerca de 95% de participação. Então não há razão para abandonarmos esse segmento ainda rentável”, afirma. Outro índice que confirma o bom desempenho do mercado são as importações, que, segundo o Ministério do Desenvolvimento, subiram de 159 mil unidades em 2006 para 170 mil em 2007. Esses números levantam dúvidas se comparados com os dados da Panasonic. Se a empresa, dona de 95% do setor, vendeu 90 mil unidades, como declarou, houve um encalhe de aparelhos no mercado, já que 170 mil máquinas foram importadas.
De qualquer forma, o varejo olha o fax com simpatia. De acordo com Raul Delgado, gerente de compras da Kalunga, uma das maiores distribuidoras de material e produtos para escritório e informática, a venda do equipamento na rede aumentou 20% no ano passado e a expectativa para 2008 é de crescimento de 15%. “Ainda é um produto rentável. As vendas são constantes: boas, não excelentes”, afirma. A clientela é formada principalmente por empresas de pequeno e médio porte. Embora a evolução tecnológica seja uma ameaça à existência dos faxes, a Panasonic acredita que ainda há muito a faturar, se o comportamento do mercado for semelhante ao dos EUA e do Japão, onde o uso do fax se mantém. O mesmo pensa Delgado, da Kalunga. Segundo ele, é importante lembrar que há vários segmentos do mercado e inúmeros profissionais que não trabalham com computadores portáteis, scanners ou outros recursos que permitem o envio da documentação via e-mail, por exemplo. “A grande maioria dos pedidos de compras é emitida pelo velho e tradicional fax, que hoje é multifuncional e está se modernizando”, completa.