O anel de noivado oferecido pelo príncipe Rainier III (1923-2005), de Mônaco, à atriz americana Grace Kelly (1929-1982) ficou muito famoso por sua exuberância. Não à toa. O mimo contava com nada menos do que um diamante de 10.47 quilates, em lapidação esmeralda, e foi feito com exclusividade pela joalheria Cartier. Mas, ao contrário do que diz a lenda, a joia não foi a primeira opção do monarca. Na verdade, ele teria proposto o matrimônio com uma aliança um pouco mais singela, cravejada com rubis e diamantes. Ao perceber que as outras estrelas hollywoodianas desfilavam com peças de noivado muito mais poderosas, principalmente com pedras únicas, os chamados solitários, presenteou-a com o fabuloso anel de princesa.

Apesar de o histórico pedido de casamento ter acontecido há mais de meio século, a moda dos solitários ainda é recente no Brasil. No entanto, nos últimos tempos o mercado de joias para casamento vem crescendo aceleradamente, atraindo algumas das marcas mais nobres da alta joalheria, como a americana Tiffany, a francesa Van Cleef & Arpels e a tradicionalíssima Cartier. Em comum, além da tradição de bom gosto, elas produzem alianças que facilmente ultrapassam a marca de R$ 1 milhão. O fenômeno do solitário tem ocorrido porque o País vive uma febre de casamentos de luxo, segundo Dhora Costa, professora do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e especialista em joias.

“São gastos milhões para a realização de cerimônias e festas de casamento”, afirma. “O anel faz parte desse ritual de elegância e ostentação.” Os números comprovam. Só no ano passado, o mercado de casamentos movimentou R$ 16 bilhões no País, de acordo com dados da Abrafesta, especializada no setor. Segundo Dhora, a celebração, repleta de simbologias, não permite que se faça economia, sobretudo entre os mais apaixonados e endinheirados. “ Ao contrário, faz com que as pessoas não se importem em desembolsar quantias exorbitantes”, diz. Proprietária da joalheria paulistana Casa Leão, a empresária Lydia Sayeg diz que o diamante é a pedra preciosa preferida dos noivos brasileiros porque simboliza a eternidade.

“Assim como deve ser o amor”, afirma Lydia. Para facilitar a escolha, tanto a Cartier quanto a Tiffany criaram programas de personalização de alianças. No Set For You, da grife francesa, é possível escolher as peças de acordo com os 4 Cs, (carat, clarity, colour e cut), que, em português, significam quilate, clareza, cor e corte. O programa permite também consultar o estoque da grife do mundo inteiro. “Se o cliente gosta de um anel que está numa loja em Paris, nós reservamos e entregamos em até 60 dias”, afirma o diretor da Cartier no Brasil, Maxime Tarneaud.

No caso de o solitário 1895, o mais tradicional da marca francesa de três quilates (R$ 655 mil) à venda na loja do shopping Cidade Jardim, em São Paulo, não ser o suficiente para o casal, é possível buscar opções ainda mais exuberantes. Já a Tiffany investiu em um aplicativo para iPhone intitulado Engagement Ring Finder (buscador de anéis de noivado). O programa, que conta com uma versão em português, oferece aos usuários as ferramentas para selecionar o anel de noivado de diamante e até agendar um atendimento exclusivo com um especialista em uma unidade da joalheria. O modelo mais simples e tradicional da Tiffany, o Setting, com 0.16 quilate, custa R$ 7,7 mil; a versão mais poderosa, de 2.03 quilates, R$ 232 mil.

Luciana Marsicano, diretora da marca no Brasil, acredita que o ritual de celebração nunca esteve tão na moda no Brasil. “Não divulgamos números, mas posso garantir que o segmento é tão importante que temos equipes, coleções e vitrines exclusivas para agradar esse público”, afirma a empresária. A francesa Van Cleef & Arpels, outra grife famosa por seus solitários, é mais uma joalheria de luxo a investir no crescimento do setor de casamentos. “Queremos fazer mais ações e coleções para noivos”, afirma Alain Bernard, CEO para as Américas. “Definitivamente, é uma tendência no mercado brasileiro de luxo.”