15/06/2005 - 7:00
No início do mês, dois ícones da moda mundial debutaram em áreas onde a tesoura e o dedal são acessórios inúteis. O italiano Giorgio Armani, dono da grife que leva o seu nome, e o alemão Karl Lagerfeld, o criador da Chanel, transportaram seu prestígio para produtos que nada têm a ver com as passarelas: hotéis e champanhe. Armani, o lendário estilista de Piacenza, firmou uma parceria com a incorporadora Emaar, dos Emirados Árabes, para construir sete hotéis e três resorts de luxo espalhados pelo planeta. O negócio é estimado em US$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, Karl Lagerfeld lançou uma campanha publicitária para a champanhe Dom Pérignon. Ele convocou belíssimas modelos como a sueca Helena Christensen e a brasileira Caroline Ribeiro para trabalharem como personagens de fotografias cujo tema é moda e champanhe. Lagerfeld produziu os cenários, escolheu as moças a dedo, fotografou-as e, o mais importante, seu nome agora está ligado também à bebida das bolinhas. ?Lagerfeld criou uma imagem de sensualidade e luxo para a Pérignon?, diz Frédéric Cumenal, presidente da Moët Chandon.
A iniciativa de ambas empresas em criar essas alianças milionárias com figurões da moda é uma tendência mundial. Isso porque, no mundo da gestão de marcas, uniões deste gênero agregam valor aos produtos, tornando-os mais desejados. ?É uma estratégica que acontece com mais freqüência no mercado de luxo?, diz Carla Marcondes, coordenadora do curso de moda da faculdade Anhembi Morumbi, de São Paulo. A cadeia de hotéis de Armani é o melhor exemplo dessa nova realidade empresarial. Pelo contrato assinado, a Emaar ficará com a responsabilidade de construir e gerenciar o negócio. O estilista italiano, por sua vez, terá a missão de coordenar a parte do design, do estilo, dos móveis e produtos de perfumaria que estarão no empreendimento. Ou seja, ele terá de transportar toda a força de sua marca para o setor da hotelaria sem perder as principais características que fizeram da grife um ícone do glamour e elegância.
O primeiro hotel da rede a funcionar nesse cenário será aberto no início de 2008. Localizado em Dubai, ele terá 175 suítes, spa e restaurantes. Ao lado do hotel, o grupo erguerá também 160 apartamentos residenciais de luxo desenhados por Armani e decorados com os móveis de sua marca. ?É um negócio bom para ambos?, diz Luciane Robic, diretora do Instituto Brasileiro de Moda, o IbModa, e consultora especializada em gestão de empresas de moda. ?Ao emprestar o nome para o hotel, Armani oferece serviço em todas as áreas e a incorporadora ganha por ter uma grife que é sinônimo de qualidade?. As outras cidades que receberão os hotéis do estilista são grandes metrópoles como Milão, Londres e Nova York. A bandeira de Armani tem tudo para decolar. ?Hoje, mais do que nunca, a moda se tornou um estilo de vida?, diz Armani. ?Acredito que as pessoas que gostam da minha moda estão entusiasmadas com a possibilidade de poder se hospedar em nossos hotéis?.