A deflação no setor de alimentos, de 3,35% em junho, foi a que mais impactou o Índice de Preços ao Produtor (IPP) do mês, informou nesta quinta-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade foi responsável por -0,83 ponto porcentual (p.p.) de influência na variação de -2,72% da indústria geral.

“A conjuntura (queda do preço de commodities e apreciação cambial) tem o reforço da oferta abundante de matéria-prima para a fabricação de alimentos, o que em junho foi determinante para que essa atividade fosse a principal responsável pelo recuo do IPP em relação a maio”, disse em nota o analista do IPP, Felipe Câmara.

A variação de -3,35% no preço dos alimentos foi a segunda consecutiva e a quarta em 2023. No acumulado no ano, a variação para alimentos é de -5,04%, cenário distinto ao de um ano atrás, quando a variação alcançava 7,89% a esta altura. Já em 12 meses, a taxa está em -7,56%, a segunda mais baixa da série histórica e muito próxima desta, de -7,57%, registrada em setembro de 2017.

Segundo o IBGE, a fabricação de alimentos tem sido ajudada por uma “combinação de safras expressivas, maior volume de abate e melhora do escoamento”. Essa conjuntura tem barateado produtos com grande peso no setor, como os derivados da soja, carnes e aves e o açúcar VHP.

Outras influências

Além dos alimentos, também pesaram no IPP os movimentos de preço das indústrias extrativas, de refino e química, informou.

Com quedas há sete meses consecutivos, o setor de refino de petróleo e biocombustíveis (-6,32%) exerceu a segunda maior influência no índice geral, -0,64 p.p. É também o mais influente no acumulado do ano (-2,79 p.p. em -6,46%) e em 12 meses (-4,68 p.p. em -12,37%).

O setor acumula queda de preços de 23,30% no ano, situação diametralmente oposta àquela de junho de 2022, quando o acumulava uma alta de 31,46%.

“Os derivados de petróleo continuam em trajetória de queda, repassando ao preço do produtor custos cada vez menores para a aquisição da matéria prima. O álcool também é destaque, com preços pressionados por ser substituto dos derivados de petróleo, mas também pela maior oferta recente de cana de açúcar”, detalhou em nota o analista do IPP, Felipe Câmara.

Terceira maior influência no IPP de junho (-0,50 p.p.), as indústrias extrativas (-10,52%) viram os preços caírem pelo segundo mês seguido. No ano, o setor acumula queda de 6,20% e, em 12 meses, uma deflação de 31,95%.

“O preço do óleo bruto fechou o ano em queda, acompanhando o preço no mercado internacional, e o minério de ferro brasileiro foi negociado por menores preços por mais um mês, após um primeiro trimestre de aumento sazonal da demanda chinesa”, diz Câmara.

A indústria química (-5,01%) completa a lista dos setores que puxaram a deflação na porta de fábrica em junho. São 12 meses seguidos de queda, o que resulta em uma taxa negativa de -16,98% no acumulado do ano.