07/07/2001 - 7:00
Nem só de eletroeletrônicos vive a Sony. Sorte dela. O megaconglomerado registrou no ano fiscal encerrado em março uma tremenda queda de 86,2% sobre o lucro de 2000, registrando ganhos líquidos de US$ 134 milhões. É muito pouco para quem fatura US$ 63 bilhões ao ano. Inconformado, o presidente mundial, Noboyuki Idei, tem queimado as pestanas para descobrir maneiras de recolocar o grupo no bom caminho. Uma das fórmulas já está em andamento. Nos próximos meses, a Sony Chemicals, braço menos conhecido da holding e criado a princípio para atender somente necessidades internas do grupo, começará a avançar em mercados onde nunca se sonhou colocá-lo. O Brasil está no centro dos planos desta companhia, que fatura US$ 600 milhões ao ano. ?Vamos começar distribuindo no Cone Sul produtos como ribbons, que são filmes usados para a produção de códigos de barras e de revestimentos de cartões de identificação, além de verniz para CDs e chips flexíveis?, explica Renato Kanetaka, gerente geral da empresa no País. A iniciativa é o embrião para as primeiras atividades industriais da Sony Chemicals na região. ?Em três anos queremos ter 30% do mercado e construir uma fábrica brasileira.? Locais para a nova unidade já foram estudados: Manaus, Campinas e Salvador.
Ao entrar no mercado de produtos químicos na América do Sul, a Sony pretende bater de frente com a norte-americana International Imaging Material (Iimak), que vislumbrou muito antes o potencial dos ribbons. Os produtos movimentam atualmente US$ 16 milhões por ano e registram uma expansão anual de 35%. Desde o início de 1999, a Iimak possui uma fábrica no Rio de Janeiro, onde investiu US$ 1,5 milhão e planeja injetar mais US$ 3 milhões. A principal motivação para as indústrias é a decisão do governo federal de emitir carteiras de CPF, do Sistema Único de Saúde (SUS) e de habilitação em cartões com impressão informatizada de ribbons. O que permite uma diversidade de cores muito maior que outras técnicas. ?Temos registrado uma expansão anual de 100% nos negócios?, declara Marcos Mendes, vice-presidente da filial da Iimak. Empresas brasileiras como a Helios, Seal e Facis fornecem também o material, mas seus insumos são na maioria importados. A expectativa é que a queda-de-braço pelo domínio do mercado seja entre a Sony e Iimak. A empresa norte-americana domina as vendas no seu país, com 38% de participação dos negócios, seguida pela Sony, que tem 27%. A expectativa no Japão é ter lucros muito rápidos nestas atividades complementares. É uma forma de minimizar prejuízos contábeis e problemas de imagem como o atual recall de baterias de celulares, feito em virtude do hiperaquecimento que os equipamentos sofrem ao serem carregados.