03/02/2022 - 13:30
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, nesta quarta-feira (2), a taxa básica de juros, Selic, a 10,75% ao ano para tentar combater a inflação. Foi o oitavo aumento seguido da Selic, que estava 2% ao ano em janeiro de 2021. Entre outros impactados, o aumento da Selic afasta milhares de famílias do financiamento imobiliário.
Segundo Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), cada variação de 2,5 pontos percentuais (p.p.) da Selic gera aumento de 1 p.p. no Custo Efetivo Total (CET), o que afeta a contratação do financiamento imobiliário por aproximadamente 1 milhão de famílias.
+ Entenda como a Selic a 10,75% vai afetar as contas básicas da sua vida
+ Alta da Selic torna investimento em renda fixa mais atrativo
“É uma conta teoricamente justificada. O crédito imobiliário é o que tem taxas mais coladas à Selic, diferente do rotativo do cartão de crédito, por exemplo. Tata-se de demanda qualificada: famílias reuniriam condições para comprar, o que não significa que 1 milhão de famílias iriam comprar um imóvel”, explica Ajzental, que ressalta que o cálculo não considera a perda de poder de compra da população causada pela inflação e pelo desemprego.
Além da Selic, o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), que sofreu aumento de 0,64% em janeiro deste ano, também elevou o preço dos imóveis e afastou a população economicamente desfavorecida da compra de imóveis.
Ajzental argumenta que o aumento de 1 ponto percentual no CET, que corresponde a todos os encargos e despesas em operações de crédito e arrendamento financeiro, pode comprometer até 25% de uma renda familiar mínima, considerando o bem imobiliário mais vendido: apartamento de dois dormitórios com valor médio de R$ 250 mil.
O aumento da Selic torna o crédito mais caro: há impacto na contratação de financiamentos, no uso do cartão de crédito e também encarece a produção industrial, já que as empresas precisam de capital para produzir. Neste sentido, a elevação da Selic combate a inflação na demanda, mas não na oferta.
“Nossa inflação é importada de commodities e péssima porque é uma inflação de energia”, finaliza.