08/02/2023 - 22:28
A procura por visto americano aumentou entre os brasileiros no ano passado. De acordo com dados do Departamento de Estado dos EUA, no ano fiscal de 2022 (Out/21 a Set/22), foram emitidos 695.575 vistos para brasileiros, alta de quase 15% na comparação com 2019, último ano antes da pandemia afetar bastante as viagens internacionais e os pedidos por vistos (foram 607 mil vistos aprovados naquele ano).
Com a alta, o Brasil se tornou o terceiro país com maior número de emissões de vistos em 2022 (até novembro), ficando atrás apenas de México e Índia. Esse aumento também influenciou bastante o prazo para obtenção de vistos, que costuma levar mais de um ano. A maior parte dos vistos ainda é para turismo e temporários para negócios (os chamados B1 e B2), que correspondem a 91% do total de vistos, já que vistos de trabalho e para morar de forma mais permanente no país são mais exigentes e restritivos.
De acordo com Jorge Botrel, sócio da JBJ Partners, consultoria especializada em Empreendedorismo, Consultoria de Negócios e Expatriação para países como os EUA, mesmo com a possibilidade de trabalho remoto, existe uma grande vontade de profissionais qualificados de trabalhar nos EUA e vivenciar o estilo de vida do país, com os benefícios de um país de primeiro mundo superando a comodidade do home office.
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“A vontade de sair do Brasil e de ir para uma economia forte, por conta de tudo que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos, se sobrepõe ao efeito do trabalho remoto. O brasileiro não quer trabalhar para empresas americanas só para ganhar em dólar, ele quer a experiência de morar no país, ele quer sair na rua e não ser assaltado”, afirma Botrel.
No entanto, existem desafios para profissionais que trabalham em algumas áreas que exigem uma certificação, como no caso de médicos, farmacêuticos e engenheiros, que precisam passar por processos mais rigorosos de certificação para atuarem nessas áreas. A fluência no idioma também é fundamental, diz Botrel, para qualquer profissional que deseja atuar nos EUA.
“Os EUA não são o país mais fácil do mundo para você imigrar, ele tem uma série de leis, restrições, controles… Então aquele negócio de “vou com visto de turista e lá, se eu gostar, eu dou um jeito de ficar” é o pior movimento que você pode fazer, já que provavelmente vai ficar em uma situação difícil. Outro aspecto fundamental é o suporte financeiro. Embora você vá ganhar em dólar, também vai gastar em dólar. Então enquanto você não esteja gerando renda para cobrir as suas despesas, como com documentação, fiança para aluguel de imóvel, dentre outros, você precisa ter um planejamento financeiro para evitar ficar sem dinheiro e sem apoio em um país que você não conhece”, diz o especialista.
Efeitos da pandemia de Covid
Além disso, o aumento na emissão de vistos também tem uma relação com uma demanda reprimida em função da pandemia de Covid, que adiou muitas viagens de turismo e negócios, provocando um aumento considerável na medida em que as restrições vão diminuindo e a imunização da população brasileira vai se intensificando.
Tanto que a espera por visto para os EUA, de acordo com matéria do Estadão em 19 de janeiro, chega a durar até 500 dias, tamanha é a procura represada, tornando difícil ao consulado americano acompanhar o aumento da demanda.