11/02/2025 - 12:17
A Associação Brasileira de Alumínio (Abal) publicou nota na manhã desta terça-feira, 11, para manifestar “preocupação” com os impactos de uma nova taxa de 25% sobre o metal nos Estados Unidos. Segundo a entidade, os novos impostos podem ter impacto sobre a balança comercial, em preços regionais e até promover concorrência desleal.
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“Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais”, diz a nota da Abal.
“A imposição das novas tarifas nos EUA também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nas regiões que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais”, segue a entidade.
A nota pede ainda uma discussão sobre “fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional”, apesar de não especificar medidas. “A Abal está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo”, conclui.
Parte pequena do alumínio nos EUA
A Abal destaca que o alumínio brasileiro representa uma fração pequena nos Estados Undidos — menos de 1% das importações do produto no país. Ao mesmo tempo, o tamanho para o Brasil é bem maior: 16,8% do alumínio brasileiro exportado vai para o país governado por Donald Trump.
O valor comercializado para os EUA representou US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024. Em termos de volume, os Estados Unidos receberam 13,5% do total (72,4 mil toneladas).
Fundada em 1970, a Abal reúne empresas produtoras de alumínio primário e transformadoras como a Alcoa Alumínio, Companhia Brasileira de Alumínio, Alubar e Novellis.
Brasil não é ameaça para os EUA, diz Fiesp
Outra entidade a se manifestar sobre as novas taxas foi a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Por meio de nota, a entidade afirmou que “a medida afeta diretamente os exportadores brasileiros, que forneceram 15% do valor importado em produtos siderúrgicos daquele país em 2024”.
“O Brasil está longe de ser uma ameaça comercial para os Estados Unidos: nas últimas duas décadas, os norte-americanos registraram superávits comerciais com o Brasil em 16 oportunidades”, afirma a Fiesp.
“É importante destacar que muitos produtos de origem norte-americana importados pelo Brasil, como máquinas e equipamentos, utilizam-se de regimes especiais de redução tarifária, que facilitam o acesso do exportador ao nosso mercado por meio de alíquotas zero ou próximas disso”, completa a entidade, que também cobra uma solução a ser encontrada por ambos os países.
Imposto sem cotas
Em seu mandato anterior, o presidente Donald Trump já havia determinado uma taxação no setor do alumínio e do aço. No entanto, na ocasião foram instituídas cotas isentas para parceiros comerciais. A taxa sobre o alumínio também era menor, de apenas 10%.
As novas tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos entrarão em vigor em 12 de março, de acordo com os decretos assinados pelo presidente Donald Trump na segunda-feira, 10.
O decreto ainda não foi disponibilizado no site do governo estadunidense, de forma que não é possível saber se a nova tarifa substituirá a existente de 10% ou se será adicionada a ela, resultando em uma tarifa total de 35%. Trump já adiantou no entanto que desta vez não haverá cotas ou isenções.
“Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa”, diz a Abal.
As novas tarifas sobre o aço e o alumínio devem entrar em vigor no dia 12 de março.