24/10/2012 - 21:00
Papéis avulsos
Especulação de que a Amazon, fundada por Jeff Bezos, estaria negociando a compra da Saraiva para entrar no mercado editorial brasileiro derrubou as ações da B2W, no último minuto do pregão, da quarta-feira 17. Os papéis da companhia de comércio eletrônico caíram 4,34% na data, enquanto as ações da Saraiva subiram 7,28%. Na quinta-feira 18, em continuidade ao desempenho negativo da véspera, as ações fecharam em queda de 8,54%. A empresa americana estuda o mercado brasileiro há dois anos e os palpites sobre a aquisição da rede de livrarias locais começaram há algumas semanas. Por meio da assessoria de imprensa, a Saraiva disse que não comenta “boatos”.
Palavra do analista:
Para Rodolfo Amstalden, da Empiricus Research, a B2W havia subido muito na bolsa devido a expectativas de que ela seria um alvo de aquisição da Amazon. O movimento foi amplificado por muitos investidores estarem apostando na baixa e terem revertido suas posições. “A queda é natural diante das notícias recentes”, diz. “E isso deve continuar, pois os papéis continuam muito caros.”
Bancos
Expectativa positiva com o balanço do Bradesco
Após as reduções de juros para cartões de crédito e cheque especial, o Bradesco divulgará, na segunda-feira 22, os seus resultados do terceiro trimestre. A expectativa é de que o banco, presidido por Luiz Carlos Trabuco, apresente lucro levemente abaixo dos R$ 2,81 bilhões registrados no mesmo período de 2011. “O banco mitigará perdas com taxas e tarifas menores com as vendas de seguros”, diz a analista Karina Freitas, da corretora Concórdia. Santander, Banco do Brasil e Itaú, que devem apresentar os números nos próximos dias, também devem informar pequenas quedas. Para os especialistas, o impacto das reduções de juros e tarifas deve ser percebido com mais clareza apenas no balanço do quarto trimestre.
Educação financeira
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Destaque no pregão
IPI menor reduz lucro da Localiza
Em linha com as expectativas do mercado, a Localiza encerrou o terceiro trimestre com receita líquida de R$ 807 milhões, alta de 6,53% frente a igual período de 2011. O lucro líquido, no entanto, de R$ 71,4 milhões, foi 5,2% menor do que no ano passado, pelo aumento na depreciação da frota, já esperada pela redução no IPI para veículos. “Estamos otimistas com o mercado de frota e aluguel de carros no Brasil”, dizem os analistas da Votorantim Corretora, que recomendam a manutenção dos papéis. Nos três pregões seguintes ao balanço, as ações acumularam perdas de 3,08%. Segundo uma fonte do mercado, as perdas acontecem por um movimento de realização.
Touro x Urso
Em um momento no qual o noticiário sobre a crise europeia perde força, a semana será definida pelo início da safra de balanços, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. O impacto da desaceleração da economia sobre os resultados das empresas no trimestre e os prognósticos para o ano poderão ser analisados com maior precisão.
Transporte
Smiles, a Multiplus da GOL
A Gol deve seguir a TAM e transformar seu programa de fidelidade Smiles em uma empresa aberta, à semelhança da Multiplus. Já uma venda para a Qatar Airways ou um aumento da participação da Delta Airlines, rumores que fizeram as ações subir 4% no dia e avançar 0,84% na semana, foram classificados como “boato”.
Mineração
Vale pagará mais R$ 6 bi a acionistas
A Vale vai pagar, a partir de 31 de outubro, a segunda parcela de remuneração mínima ao acionista, no total de R$ 6,1 bilhões. Segundo a companhia, presidida por Murilo Ferreira, R$ 2,7 bilhões serão repassados na forma de juros sobre o capital próprio e R$ 3,4 bilhões como dividendos. Os investidores dos Estados Unidos e Hong Kong, por meio de ADRs e HDRs da empresa, também terão direito à remuneração.
Mercado em números
OSX
US$ 1 bilhão - É quanto os acionistas do estaleiro controlado por Eike Batista vão injetar na companhia, por meio de um aumento de capital, a ser iniciado em março de 2013.
Ecorodovias
R$ 2,02 bilhões - Foi o valor pago pela Primav, do grupo CR Almeida, por 19% do capital da concessionária brasileira, que pertencia à construtora italiana Impregilo.
Even
R$ 655 milhões - É o valor geral de vendas (VGV) que a construtora e incorporadora registrou no terceiro trimestre. No acumulado do ano, o VGV é de R$ 1,57 bilhão.
Dasa
R$ 250 milhões - É quanto a empresa de análises clínicas pretende captar com a emissão de debêntures simples, com vencimento em quatro anos. Ao todo, serão vendidos 25 mil papéis, por R$ 10 mil cada.
Hering
R$ 99,99 milhões - É o montante que a empresa pagou em dividendos aos acionistas posicionados em 17 de outubro. O pagamento de R$ 0,60 por ação será creditado ao acionista no dia 30.
Pelo mundo
J&J lucra 7% menos
O lucro da americana Johnson & Johnson caiu 7,3% no terceiro trimestre, para US$ 2,97 bilhões. A receita de julho a outubro, no entanto, subiu 6,5%, para US$ 17,1 bilhões.
ExxonMobil compra a canadense Celtic
A ExxonMobil do Canadá anunciou a compra da concorrente Celtic Exploration, por US$ 3,14 bilhões. Os acionistas da empresa vendida receberão US$ 25,05 por ação.
Ganho da Mattel avança 22%
O lucro líquido da Mattel somou US$ 365,9 milhões, um avanço de 22% no terceiro trimestre. O resultado se deve à procura pelas linhas Monster High e American Girls, que compensam a queda nas vendas da boneca Barbie.
Personagem
A expansão da Providência
A venda de nãotecidos, películas sintéticas usadas como matérias-primas na fabricação de absorventes íntimos e fraldas, aumentou no País, à taxa de dois dígitos nos últimos cinco anos. O consumo desses itens cresce aceleradamente no Brasil devido ao aumento da renda. Com isso, o lucro líquido da Cia. Providência, única empresa do setor na bolsa, subiu 237% em relação a 2011. O CEO Hermínio de Freitas diz que está expandindo as atividades para atender à demanda.
Hermínio de Freitas, CEO da Cia. Providência: “Envelhecimento
da população deve alavancar resultados”
O lucro aumentou 237%. A que se deve esse resultado?
Um dos motivos foi o aumento do consumo de fraldas descartáveis no mundo inteiro. Os destaques foram o Brasil e os países da Ásia, onde os mercados não são consolidados e o crescimento se mantém em dois dígitos há algum tempo. Outro mercado aquecido é o americano, onde a demanda é por fraldas geriátricas. Por isso, ampliamos nossas linhas de produção no Brasil e nos Estados Unidos, com um investimento de US$ 123 milhões. A linha americana será entregue no fim do ano e a capacidade de produção vai dobrar para 40 mil toneladas por ano. Em junho, inauguramos uma nova unidade em Minas Gerais, que produzirá 30 mil toneladas por ano. As ampliações gerarão um aumento de 40% na produção, o suficiente para acompanhar a expansão do mercado nos próximos 24 meses.
O uso de nãotecidos restringe-se à fabricação de fraldas?
Não. O uso de nãotecidos também atende ao mercado de absorventes íntimos, por exemplo. Hoje, fraldas e absorventes consomem 66% da nossa produção. O restante é destinado, principalmente, ao setor médico, que utiliza o material em unidades cirúrgicas e lençóis descartáveis.
Os investimentos e o aumento de demanda mexeram com o valor das ações da empresa na bolsa?
Todo esse cenário de expansão de fábrica e de demanda valorizou muito nossas ações. Em 12 meses, elas subiram cerca de 30%, enquanto o Ibovespa, no mesmo período, subiu pouco mais de 11%.
A empresa precisará fazer novas emissões para reforçar o caixa?
Isso não é problema, pois somos geradores de caixa com o produto que vendemos. Além disso, temos linhas de financiamento de longo prazo para fazermos as novas operações.
Colaboraram: Patricia Alves e Fernando Teixeira