04/05/2016 - 7:41
A Ambev reportou despesa financeira líquida de R$ 1,171 bilhão no primeiro trimestre de 2016, mais que o dobro do montante de R$ 481,7 milhões apurado em igual período do ano anterior. Entre os efeitos que impactaram o resultado financeiro, a fabricante de bebidas mencionou despesas com juros, perdas com derivativos e impacto de um processo judicial.
A despesa com juros foi de R$ 361 milhões, alta de 73,8% na comparação com o mesmo trimestre de 2015. A companhia reportou que essa linha inclui despesa sem efeito caixa referente à opção de venda associada ao investimento na República Dominicana.
Já as perdas com instrumentos derivativos no primeiro trimestre de 2016 atingiram R$ 417,4 milhões ante R$ 219,7 milhões em igual período de 2015. A companhia destacou que essas perdas estão relacionadas ao custo de carregamento dos hedges de moeda, associados em sua maior parte à exposição ao dólar que a companhia possui no custo do produto vendido do Brasil e da Argentina.
Outra despesa que cresceu na comparação anual foi a reportada na linha de “Outras receitas e despesas financeiras líquidas”. Ao todo, o montante registrado no primeiro trimestre de 2016 foi de R$ 289,4 milhões ante R$ 79,8 milhões do mesmo período de 2015. A Ambev afirmou que houve “impacto extraordinário de um processo judicial pago durante o trimestre”.
O endividamento consolidado da Ambev ao final de março era de R$ 3,959 bilhões, montante 10% mais elevado que o do final de dezembro de 2015. Do montante, R$ 2,004 bilhões estavam em moeda local, queda de 6,9%, e R$ 1,955 bilhão em moeda estrangeira, aumento de 35,3%.
A Ambev encerrou o trimestre, no entanto, com caixa líquido de R$ 2,256 bilhões. A posição de caixa da companhia ao final de março era de R$ 6,007 bilhões. O montante, embora menor do que o de dezembro em cerca de R$ 7 bilhões, supera o total da dívida.
A geração de caixa operacional da Ambev no período foi menor do que em igual trimestre de 2015. A companhia gerou R$ 2,258 bilhões de caixa com as atividades operacionais ante R$ 3,819 bilhões no mesmo período do ano passado. Já o fluxo de caixa das atividades operacionais foi impactado negativamente por uma variação na linha de imposto de renda e contribuição social pagos, que foi negativa em R$ 4,391 bilhões. Assim, o fluxo de caixa das atividades operacionais ficou negativo em R$ 2,214 bilhões.
Com relação aos impostos, a alíquota efetiva do primeiro trimestre caiu de 24,3% para 10,4% em razão de um maior impacto do benefício em juros sobre capital próprio. As despesas com Imposto de Renda e Contribuição Social somaram R$ 336,4 milhões, queda de 64,6% na comparação anual.
Investimentos
A Ambev manteve inalterados suas metas (guidances) para os resultados no Brasil do ano de 2016. Em seu release de resultados, a empresa reafirmou as expectativas divulgadas no início deste ano para receita, despesas com vendas, gerais e administrativas, Custo do Produto Vendido (CPV) e investimentos no País.
A fabricante de bebidas segue acreditando que a receita líquida no Brasil deve crescer entre um dígito médio e um dígito alto no ano. A companhia também espera que o CPV, excluindo depreciação e amortização, apresente crescimento entre 13% e 17% no ano no Brasil.
Para as despesas com vendas, gerais e administrativas, excluindo depreciação e amortização no Brasil, a Ambev projeta crescimento de um dígito baixo no ano.
A Ambev ainda reafirmou que o Capex no Brasil será inferior aos níveis de 2015. No ano passado, o investimento no Brasil foi de R$ 3,1 bilhões.
“Nossos resultados do primeiro trimestre confirmaram que 2016 será um ano desafiador”, afirmou a empresa em sua divulgação de resultados do primeiro trimestre. “Dito isso, depois de um início fraco, como já havíamos antecipado, esperamos que nossa performance de receita líquida e Ebitda acelere nos próximos trimestres, principalmente no Brasil”, acrescentou empresa.