As vacinações contra a covid-19 começaram nesta quinta-feira (24) em três países latino-americanos, enquanto na Europa um estudo destacou que a nova cepa do coronavírus encontrada no Reino Unido é “entre 50% e 74%” mais contagiosa do que a variante mais comum.

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No México, que recebeu nesta quarta-feira as primeiras 3.000 doses da vacina dos laboratórios Pfizer/BioNTech, a campanha de imunização começou nesta quinta com uma enfermeira de 59 anos.

“Estou um pouco nervosa, mas muito feliz. É o melhor presente que podia ganhar em 2020, me dá mais segurança e mais ânimo para continuar a guerra contra um inimigo invisível”, disse Maria Irene Ramírez, antes de ser vacinada.

Durante o dia, seriam vacinadas no México 2.975 pessoas que trabalham em unidades para a covid-19, inclusive médicos, enfermeiras, maqueiros, laboratoristas e funcionários de limpeza.

Com 120.000 mortes pela covid-19, este país de 129 milhões de habitantes é o quarto com mais óbitos na pandemia, depois de Estados Unidos, Brasil e Índia.

O Chile obteve nesta quinta-feira as primeiras 10.000 doses da vacina da Pfizer/BioNTech e começou a administrá-las no mesmo dia.

A primeira pessoa imunizada foi uma auxiliar de enfermagem de 46 anos, Zulema Riquelme. “Estou muito emocionada, nervosa; são múltiplas emoções”, disse antes de ser vacinada.

Depois dela, foram imunizados um médico, uma enfermeira, um cinesiólogo respiratório e uma auxiliar de serviços.

A Costa Rica, aonde chegaram na quarta-feira as primeiras 9.750 doses do imunizante da Pfizer e da BioNTech, começou a campanha de vacinação com dois moradores de um lar para idosos: Elizabeth, de 91 anos, e Jorge, de 72.

Junto com eles foi vacinada uma dúzia de residentes e uma dezena de trabalhadores sanitários da linha de frente no combate à pandemia.

“Estou muito agradecida a Deus porque pedi muito a Ele. Minha vida é muito importante para mim, aproveitem todos os momentos”, disse Elizabeth.

“Que todos se vacinem. Não doeu”, garantiu Jorge.

– Primeiro lote da vacina russa chega à Argentina –

A Argentina, por sua vez, recebeu nesta quinta uma carga de 300.000 doses da vacina russa contra a covid-19 Sputnik V, o que permitirá ao país iniciar em breve sua campanha de vacinação.

A Sputnik V foi aprovada “em caráter de emergência” na quarta-feira pelo Ministério da Saúde argentino. Trata-se da primeira autorização concedida a esta vacina na América Latina.

A pandemia provocou até agora 14,9 milhões de casos e mais de 491.000 mortos na América Latina. No mundo todo, o novo coronavírus matou 1,7 milhões de pessoas e infectou mais de 78 milhões, segundo balanço da AFP, feito com base em fontes oficiais.

Nos Estados Unidos, o país mais afetado do mundo pela pandemia, com mais de 326.000 falecidos, mais de um milhão de americanos receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19 nos primeiros dez dias da campanha de imunização, segundo as autoridades.

Mas o doutor Moncef Slaoui, assessor principal do programa governamental de vacinação, disse que o objetivo de imunizar 20 milhões de pessoas até o fim do ano “provavelmente” não será alcançada.

– Um Natal caótico –

Na União Europeia (UE), a campanha de vacinação começará em 27 de dezembro em vários países. Mas as altas cifras de contágio fizeram com que países como a Itália, a Áustria ou a Irlanda impusessem restrições importantes para as festas de fim de ano.

No Reino Unido, seis mil caminhoneiros se preparavam para passar a noite de Natal em condições difíceis, presos perto do porto de Dover, no sul da Inglaterra, que sai lentamente do isolamento ocasionado pelo aparecimento de uma nova cepa do coronavírus.

Serão necessários “vários dias” para descongestionar o local, informaram autoridades britânicas, que anunciaram nesta quinta que as ligações ferroviárias e marítimas entre o Reino Unido e a França vão permanecer abertas no dia de Natal para eliminar o engarrafamento provocado pela decisão de fechar as fronteiras.

“Segundo dados preliminares disponíveis”, a variante do Sars-Cov-2, suspeita de ter provocado o grande aumento de casos no sudeste da Inglaterra nas últimas semanas, “poderia ser entre 50% e 74% mais contagiosa”, informou o biólogo Nick Davies, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM), em um estudo publicado nesta quinta-feira.

Esta estimativa, divulgada pela Internet e que ainda não foi confirmada por nenhuma revista científica, coincide com a de “50% a 70%” indicada na segunda-feira em coletiva de imprensa por cientistas que assessoram o governo britânico.

Embora a nova cepa não seja mais perigosa do que as anteriores, o provável “aumento importante” do número de casos poderia afetar o número de mortos, que poderia “ser superior em 2021 a 2020”, segundo o estudo.

As autoridades britânicas já haviam anunciado novas restrições no fim de semana passado, como um novo confinamento em Londres e no sudeste da Inglaterra.

– Recorde de casos e mortes na Rússia –

O principal objetivo agora é restabelecer a cadeia de abastecimento no Reino Unido, que depende em grande parte dos caminhões que se deslocam a partir e com destino ao continente europeu, antes de que haja uma escassez de alimentos.

A forte propagação em solo britânico da nova variante levou meia centena de países a cortar suas ligações com o Reino Unido. Nesta quinta, a China somou-se à lista e suspendeu seus voos com o país.

Na quarta, Londres anunciou que havia identificado dois casos de outra variante do coronavírus, “muito preocupante”, procedente da África do Sul, e por isso decretou restrições a viagens neste país, que com 950.000 casos e 25.657 mortos é o mais afetado pela pandemia na África.

A Rússia bateu nesta quinta-feira um recorde de novos casos e mortes pelo coronavírus. As autoridades contabilizaram 635 mortes e quase 30.000 novos casos em um dia.

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