Desde sábado, 19, com as plataformas digitais inativas por causa de um ataque hacker a seus sistemas, a Americanas – dona da Lojas Americanas e do Submarino – já perdeu cerca de R$ 250 milhões com a ação que foi assumida pelo grupo Lapsus. A estimativa é da XP Investimentos.

Nos últimos dias, a companhia também teve perdas relevantes em valor de mercado, que já somam cerca de R$ 3,5 bilhões. Após seus papéis caírem 6,6% na segunda-feira, 21, eles voltam a cair 5,4% no pregão desta terça-feira, 22, encerrando a R$ 29,79. As vendas por plataformas digitais representam 60,8% das receitas da empresa; as lojas físicas ficam com pouco menos de 40%.

Em relatório, os analistas Daniela Eiger, Gustavo Senday e Juliana Kirihata tomam como base uma estimativa de receita do canal online para o primeiro trimestre de 2022. A casa estima uma venda bruta média em torno de R$ 65 milhões por dia (sem fazer ajustes para sazonalidades ao longo da semana).

“Como o canal tem enfrentado desafios desde sábado, estimamos um impacto até o momento de cerca de R$ 250 milhões. Isso representa aproximadamente 3% da nossa estimativa de receita bruta no trimestre ou cerca de 1% do valor de mercado da companhia”, ressaltam.

A XP lembra que no sábado a companhia informou que “suspendeu preventivamente parte dos servidores do ambiente de e-commerce na madrugada, assim que identificou risco de acesso não autorizado”. Segundo a empresa, os ambientes haviam sido normalizados às 15h16 do mesmo dia, sem evidência de comprometimento das bases de dados.

Porém, no domingo, 20, a empresa voltou a suspender parte dos servidores, e disse que “acionou prontamente seus protocolos de resposta assim que identificou acesso não autorizado”. Até o início da tarde desta terça-feira, 22, os sites de Americanas, Submarino e Shoptime seguiam fora do ar, com o aviso de suspensão.

Desde então, a Americanas não deu mais detalhes sobre o problema nem indicou quando os serviços devem voltar a funcionar. No Twitter, a empresa tem dado a mesma resposta já divulgada no fim de semana a todos os clientes que reclamam de atrasos em entregas.

Para Alvaro Massad, coordenador do curso de cybersegurança da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pergunta mais apropriada ao momento não é exatamente por que aconteceu, ou o que aconteceu, mas sim quando a gigante do e-commerce conseguirá retomar as operações. “As perdas já estão bastante significativas e a cada hora que passa sem operar vai ficando mais complicada a situação. O que podemos questionar é exatamente a capacidade de gestão de continuidade do negócio, que até o momento está falhando”, afirma.