09/08/2000 - 7:00
A American Express, a mais elitista entre as bandeiras de cartões de crédito, vai ter entre seus clientes no Brasil gente que jamais pôde sonhar em possuir um Amex. O banco controlado pela empresa no País, o InterAmerican Express, assumiu de vez a vocação para o varejo, herdada do parceiro externo, e partiu para o balcão das lojas. O grupo vai inaugurar nos próximos meses uma financeira, a Capital, para absorver as operações de crédito direto iniciadas dentro da carteira do próprio banco. A maior novidade, porém, está mesmo no perfil de renda dos clientes. No lugar de abonados que se orgulham em ostentar os cartões de crédito da empresa americana, a Capital vai exibir em sua carteira de clientes pessoas com renda mínima na faixa dos R$ 300, interessadas em abrir crediário para compras simples, como as de eletrodomésticos. A carteira inicial da financeira, formada pelos negócios desenvolvidos sob o guarda-chuva do banco, já vai mostrar de cara um montante de US$ 50 milhões em créditos concedidos.
A nova empresa foi planejada por dois anos dentro do InterAmerican Express. O banco, nascido da compra de 51% do capital do antigo SRL por parte do Amex, fez seus primeiros experimentos no crédito direto em fins de 1996, mas só fincou o pé de vez no negócio após a entrada do parceiro externo em seu controle. A idéia inicial era de dar crédito em áreas de negócios nas quais a American Express tem tradição, como o turismo, e, com isso, complementar a oferta de serviços financeiros da empresa de cartões de crédito. Os próximos passos, ainda na linha de dar financiamento ao cliente típico da Amex, foram o crédito em lojas de móveis e de equipamentos para profissionais como dentistas e advogados. Daí para ampliar a área de ação e iniciar os financiamentos à venda de eletrodomésticos nas lojas foi um pulo. ?Estamos em um mercado massificado. Não dá para ficar restrito ao cliente da Amex?, explica Marco Antônio Bologna, diretor-superintendente do banco.
A entrada no varejo de baixa renda não foi novidade somente para o Amex. O SRL, fundado pelo ex-ministro do Planejamento João Sayad e pelo hoje presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, era um típico banco de tesouraria até a entrada do sócio estrangeiro. ?A vinda do Amex nos levou para esse outro lado?, diz Bologna, em referência à expansão rumo ao varejo. A financeira, recém-autorizada pelo Banco Central, nasce com a missão de dobrar o valor de sua carteira em 2001. Mesmo assim, ainda será pequena se comparado aos líderes do mercado, como Fininvest, Losango e ABN Amro.