20/12/2019 - 13:28
Fim de ano, reunião de família e amigos, comida e troca de presentes. Essa poderia ser mais uma cena comum em época de Natal e ano-novo, mas estamos falando de um encontro de cães para um “aumigo” secreto.
A brincadeira teve tudo a que tinha direito: sorteio dos nomes na hora, improviso para descrever o amigo – feito pelos tutores, claro – e muita brincadeira. O evento foi organizado pelos donos dos animais, que moram na Vila Suzana, região do Morumbi, zona oeste de São Paulo. A confraternização ocorreu no último domingo, na Praça Sérgio Vieira de Mello, e reuniu cerca de 15 cães – só uma parte do grupo de “aumigos” do bairro.
A celebração da amizade entre cachorros e humanos já havia rendido uma festa de Halloween, em 30 de outubro, e a comemoração do aniversário de 2 anos da cadela Tila. Os encontros foram regados a bolo e docinhos para cães, e os humanos também aproveitaram com outros quitutes e bebidas, como chá, vinho e champanhe.
Eventos como esse também são realizados em creches para cães ou por empresas que trabalham com produtos para pets. Por enquanto, não se tem conhecimento de um mercado para a realização de “aumigos” secretos, mas quando se fala em festa de aniversário para cachorro há até bufê especializado e o custo pode chegar a R$ 2,5 mil.
“Essa é uma boa desculpa que os humanos arrumaram para festejar”, brinca o empresário Peter Johansson, de 57 anos. Ele faz parte dos mais de 40 moradores da região que combinam passeios e festas com os animais por meio de um grupo no WhatsApp. Como ele, há quem tenha mais de um cão e, por isso, os animais somam mais de 60.
Johansson afirma que a praça também é frequentada por moradores de Paraisópolis. Antes de se tornar um grupo de conversa para falar sobre cachorros, os moradores discutiam a melhoria da Praça Sérgio Vieira de Mello. O espaço tinha grama alta, muita sujeira e era pouco usado, segundo relatam. Há cerca de dois anos, foi revitalizado e vem sendo mantido por uma empresa que está construindo um empreendimento na região.
“A partir daí, a praça ficou bonita, se tornou um lugar muito agradável, e os cachorros começaram a aparecer. Virou ponto de encontro de cachorros e moradores”, diz Fernanda Sigrist, fisioterapeuta de 52 anos que há 17 mora no local. Conforme outros cães e seus tutores foram se juntando – porque são os animais que “forçam” os humanos a passear -, o time foi crescendo e há uma variedade de perfis.
Diversidade
“O grupo é heterogêneo. Apesar de todo mundo morar no mesmo lugar, as diferenças sociais e culturais são grandes. A praça une todos os níveis, é como uma praia, é todo mundo igual”, diz Fernanda. Ela afirma que todos se limitam a discutir assuntos do universo animal, como dicas de ração e veterinário, e evitam falar de política.
A diversidade também é vista nos cães: são adotados, comprados, de raça ou vira-latas, de porte pequeno, médio ou grande. E são eles o motivo da interação humana. Para Fernanda, que diz ter conhecido muita gente por causa de sua cadela Cacau, “se não fosse o convívio gostoso entre donos, não existiria praça de cachorros”.
A empresária Ana Paula de Almeida, de 40 anos, e o marido Rodrigo Patacki adotaram o primeiro cachorro, o Rasta, em 2016. Depois vieram Leka e Kali, que também participaram das festas caninas deste ano e, segundo ela, “adoraram”. “Eles mudam (o comportamento), gostam de brincar, que tenha outros cachorros. É muito gostoso, é um momento de lazer”, diz ela.
Para Johansson, “nada melhor do que cachorro para fazer a socialização”.
Mas a amizade vai além dos momentos de festa. “Se acontece uma briga (entre os animais), todo mundo entende”, diz Fernanda. Além disso, a turma se ajuda para levar os animais para passear quando o dono não pode. “Virou uma pequena comunidade de cães e humanos”, resume Johansson. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.