12/02/2020 - 2:16
Afável e piadista, a senadora e candidata moderada à Casa Branca Amy Klobuchar garante que também pode ser “dura”. Esta mulher “normal”, de 59, uma política experiente, conseguiu chegar ao grupo de favoritos na segunda votação das primárias democratas, em New Hampshire.
“Oi, Estados Unidos, sou Amy Klobuchar e vencerei Donald Trump”. Mostrando segurança frente a um mar de bandeiras verdes, cor da sua campanha, esta senadora por Minnesota celebrou, ontem à noite, seu terceiro lugar em New Hampshire.
Não ficou em primeiro, mas este resultado é vital em sua corrida para conseguir a indicação democrata para enfrentar o presidente Donald Trump em novembro. Há duas semanas, poucos esperavam que esta neta de um mineiro tivesse um desempenho tão bom.
Klobuchar gosta de repetir que vem da região dos Estados Unidos, na qual os democratas precisam voltar a ganhar, se quiserem derrotar Trump: o Meio-Oeste rural e da classe trabalhadora. Em 2016, Trump surpreendeu e derrotou a então concorrente Hillary Clinton neste reduto eleitoral.
Klobuchar, que recebeu junto com a senadora progressista Elizabeht Warren o apoio do jornal “The New York Times”, foi reeleita para um terceiro mandato em Minnesota em 2018 com uma esmagadora maioria.
Ex-procuradora e ex-advogada, foi a primeira mulher eleita por esse estado para o Senado, em 2006.
Neste estado que ela cruza de ponta a ponta todo o ano e onde é chamada de “Amy”, esta filha de um famoso jornalista esportivo continua sendo muito popular, inclusive nas zonas mineiras do norte que votaram em Trump.
Debaixo de neve, a quase -10°C, a senadora lançou sua pré-candidatura em Minneapolis, em fevereiro de 2019, com uma mensagem otimista para além das linhas partidárias.
Sua resposta a Trump, que a chamou de “boneco de neve” em um comentário no qual parecia negar a mudança climática, ilustra suas duas facetas: a séria e a bem-humorada.
“Estou do lado da ciência”, tuitou, para, na sequência, fazer piada com o presidente: “E me pergunto como seu cabelo reagiria em uma tempestade”.
– Histórias de vida –
Da luta contra a mudança climática à reforma migratória, incluindo as tragédias “vergonhosas” causadas por um sistema de saúde desigual, a moderada Klobuchar não hesita em defender posições em temas que dividem o país.
Em 2010, em entrevista à revista “Elle”, destacou a aura “decididamente normal” que a rodeia, enquanto deixava claras convicções políticas marcadas pelas dificuldades que experimentou na vida.
Klobuchar conta como a batalha de seu pai contra o alcoolismo a levou a apresentar, na corrida pela Casa Branca, um ambicioso plano para fortalecer os programas de saúde pública relacionados com transtornos mentais e dependência.
Quando deu à luz, teve de deixar o hospital 24 horas depois por falta de cobertura do plano de saúde, embora sua filha estivesse em tratamento intensivo. Por esse motivo, Klobuchar lutou para mudar a lei e estender este período.
“É por isso que me engajei na política e a essa ideia de que a política permite melhorar a vida das pessoas”, explicou.
Sua filha, Abigail, e seu marido, John, estão nas ruas, fazendo uma intensa campanha por ela.
Apesar de seu aspecto afável, a imprensa americana já noticiou sua dureza no trato com seus assessores, o que explicaria o intenso fluxo de entradas e saídas em sua equipe.
“Sim, posso ser dura, e sim, às vezes pressiono as pessoas”, admitiu em 2019.
“Espero muito de mim mesma. Espero muito das pessoas que trabalham para mim. Mas também tenho grandes expectativas para este país”, alegou.