A maior greve dos bancários desde 2004 começou com um pedido de reajuste de 12% e terminou com um recuo dos sindicatos, que aceitaram a proposta de 8% da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Firmado na madrugada desta sexta-feira 11, o acordo ainda precisa ser aprovado em assembleia. O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, considera a greve vitoriosa, apesar de o setor ter pleiteado um aumento maior. “Estamos satisfeitos com o resultado”, diz Carlos Cordeiro, presidente da entidade.

Na avaliação do economista Celso Grisi, da FEA/USP, os bancos são capazes de absorver o aumento sem prejudicar os balanços, e os sindicalistas ganharam acréscimo salarial justo. “Ambas as partes fecharam acordo em situação privilegiada”, diz Grisi. “O setor financeiro não está em condições de suportar aumentos maiores porque o faturamento não cresceu”. Para o economista, se as empresas acatam reajustes abusivos, elas ficam pouco lucrativas e investem menos para melhorar sua produtividade. “O aumento salarial tem de acompanhar o ganho de produtividade.”

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PERTO DO FIM: Grevistas podem voltar ao trabalho na segunda-feira

O acordo feito entre a Contraf e a Fenaban não garante o fim da greve. Quem vai decidir se aceita ou não a proposta são os mais de 140 sindicatos de bancários, que vão se reunir em assembleia nesta sexta-feira e na segunda-feira 14. “Estamos orientando a aceitação da proposta nas assembleias”, diz Cordeiro. Os sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba devem ter uma posição ainda nesta sexta-feira 11.  Se não houver acordo, a greve poderá continuar. Em relação à compensação das horas em que os funcionários ficaram sem trabalhar, o acordo é de que os trabalhadores terão de fazer uma hora extra a mais todos os dias até o dia 15 de dezembro. A Fenaban havia proposto duas horas extras. “No fim das contas, prevaleceu o bom senso”, afirma Grisi.

Além do reajuste salarial

Dentro da proposta feita pela Fenaban estão ainda a elevação de 8,5% sobre o piso salarial, com aumento real (acima da inflação) de 2,29%, e a de 10% sobre o teto da parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O acordo também eleva de 2% para 2,2% o lucro líquido a ser distribuído linearmente na parcela adicional da PLR. “Nenhuma outra categoria teve aumento maior do que 8%”, diz o presidente da Contraf-CUT. Funcionários dos Correios, que também cruzaram os braços durante quase um mês, conseguiram  reajuste salarial de 8%, e de 6,27% nos benefícios.

Outra ponto acertado entre as partes é a criação de um grupo para discutir as questões relacionadas as condições de trabalho nos bancos. “Um quarto dos afastamentos de funcionários acontecem por conta da pressão por vendas”, diz Cordeiro. Vão participar desse grupo representantes da Contraf e dos bancos. Além disso, os sindicalistas exigiram que seja proibido o envio SMS no celular dos bancários cobrando metas de captação de novos clientes. A proposta também inclui abono-assiduidade de um dia por ano e adesão ao programa de vale-cultura do governo, no valor de R$ 50,00 por mês. 

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