13/08/2024 - 18:01
Os investimentos das pessoas físicas no Brasil cresceram 7,6% no primeiro semestre de 2024 em relação a dezembro de 2023, totalizando R$ 6,96 trilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 13, pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Quase R$ 1 trilhão estava na caderneta de poupança, quando se observa a alocação por tipos de aplicação financeira. O montante engloba os segmentos private, varejo alta renda e varejo tradicional.
O volume do private avançou 3,3% em relação a dezembro de 2023, totalizando R$ 2,18 trilhões no fim de junho. O segmento tem 162,7 mil contas e 66,8 mil grupos econômicos, como famílias. Já o varejo somou R$ 4,77 trilhões, com uma alta de 9,6%. O valor está dividido em R$ 2,33 trilhões no varejo tradicional e R$ 2,44 trilhões no de alta renda. Os dois segmentos têm 170,2 milhões de contas, que não representam CPFs únicos, já que cada pessoa pode aplicar em mais de um produto e ser cliente de mais de uma instituição.
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Renda fixa em alta
Considerando os três segmentos, mais da metade do total de recursos estava alocado em renda fixa no fim de junho. A fatia nessa categoria, que engloba as opções mais conservadoras, cresceu 10,1%, num total de R$ 370,9 bilhões a mais do que o volume registrado em dezembro.
O crescimento foi o terceiro maior, segundo a associação, e ficou atrás apenas do avanço na categoria previdência (10,8%) e volume financeiro do segmento “outros” (14,8%), classificação da Anbima que contempla recursos em caixa ou conta corrente e outros ativos não identificados.
Na avaliação de Ademir A. Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, a preferência pela renda fixa ocorre por alguns motivos. Entre eles, está o cenário macroeconômico pautado pela taxa básica de juros, a Selic, a dois dígitos. “A Selic está muito atrativa”, disse Correa Júnior durante coletiva de imprensa nesta tarde.
Quase R$ 1 trilhão na poupança
Observando a alocação dos investidores por tipos de instrumento, a categoria títulos e valores mobiliários é a que representa o maior volume (45%) dos R$ 6,96 trilhões. Em segundo lugar, aparecem os fundos de investimentos (24,7%), com R$ 1,72 trilhão, seguidos de previdência (16,6%) e poupança (13,7%). Ou seja, apesar do resultado dos esforços de educação financeira do mercado e da maior disseminação de informação por influenciadores, destacados durante a coletiva da Anbima, a caderneta de poupança ainda conserva quase R$ 1 trilhão dos poupadores brasileiros.
Certificados isentos ainda em alta
Os títulos de valores mobiliários que tiveram o maior crescimento entre o fim do ano passado e junho deste ano foram os isentos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), com crescimento de 25,5%, e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), com alta de 22,9%. Em junho, os CRIs totalizaram R$ 78,7 bilhões. Os CRAs, R$ 114,3 bilhões. A maior parte desses avanços ocorreu no varejo, que registrou um crescimento de 34% no volume de CRAs e de 40,2% no de CRIs.
O crescimento do volume financeiro das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) foi bem mais modesto que os dos certificados isentos de imposto: 3,6% nos dois casos. “As regras do CMN Conselho Monetário Nacional, no início deste ano limitaram as empresas que podem emitir e aumentaram os prazos de carência de LCIs e LCAS, o que reduziu a atratividade para muitos investidores. Apesar disso, o atual patamar de juros continuou favorecendo o investimento nesse tipo de produto e aumenta a procura por esse tipo de ativo”, disse Corrêa Junior.