Horas depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a sua soltura, Anderson Torres deixou o 19.º Batalhão da Polícia Militar em Brasília, onde estava preso desde 14 de janeiro. Após quase quatro meses, a Justiça expediu seu alvará de soltura e ele voltou para sua residência na capital federal.

Como condição para ficar em liberdade, Torres terá de usar tornozeleira eletrônica, não poderá ter redes sociais, tampouco se comunicar com qualquer investigado no Supremo pelos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, quando as sedes dos três Poderes foram atacadas.

Outra restrição imposta por Moraes é quanto ao porte de arma, que está proibido para o ex-secretário – Torres é delegado da Polícia Federal. “A necessária compatibilização entre a Justiça penal e o direito de liberdade demonstra que a eficácia da prisão preventiva já alcançou sua finalidade, com a efetiva realização de novas diligências policiais, que encontravam-se pendentes em 20 de abril de 2023”, afirmou o ministro, no despacho.

Um dos entraves que dificultaram a liberdade de Torres foi a resistência dele em fornecer as senhas para acesso ao seu celular, apreendido logo após sua prisão. Embora esse não tenha sido o argumento da manutenção da preventiva, a questão foi pontuada por Moraes em uma das decisões em que negou pedido de liberdade feito pelos advogados do ex-secretário.

A defesa de Torres fez vários pedidos de soltura nos últimos quatro meses, alegando desde questões processuais até problemas de saúde do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL). Parlamentares que o visitaram no último fim de semana afirmaram que Torres “chorava o tempo todo” e estava bastante debilitado.

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal é investigado no inquérito que apura os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e há suspeita de omissão e conivência com os radicais. Na ocasião, ele estava nos Estados Unidos e voltou ao Brasil para se entregar à Justiça.