16/03/2023 - 15:02
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira, 16, sobre a minuta golpista para anular o resultado da eleição.
O interrogatório foi conduzido pelo ministro Benedito Gonçalves, corregedor da Justiça Eleitoral, por videoconferência. Torres está preso preventivamente na investigação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
O Estadão apurou que, embora tenha recebido autorização para ficar em silêncio, ele respondeu todos os questionamentos. O depoimento durou cerca de uma hora e terminou por volta das 11h30. O ex-ministro já havia sido ouvido por dez horas pela Polícia Federal (PF) no inquérito sobre os protestos violentos na Praça dos Três Poderes.
+ Moraes autoriza depoimento de Anderson Torres sobre minuta de golpe
Além de reiterar que desconhece a autoria da minuta, Torres contrapôs a versão da Procuradoria-Geral da República (PGR), que afirmou que o documento não parecia que seria descartado e estava ‘muito bem guardado’ em uma pasta oficial do governo federal, junto a pertences pessoais.
O ex-ministro foi ouvido na condição de testemunha e não de investigado. O depoimento foi prestado em uma ação de investigação eleitoral sobre a reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores estrangeiros. Bolsonaro atacou as urnas e levantou suspeitas sobre a higidez do processo eleitoral. A minuta de intervenção no TSE foi anexada como prova nos autos. A ação pode deixar o ex-presidente inelegível.
Alegação de desconhecimento persiste
O ex-ministro segue com a mesma estratégia de defesa, negando qualquer conhecimento em relação a uma minuta encontrada em sua casa e que tinha como objetivo anular o resultado das eleições presidenciais.
O depoimento desta quinta-feira foi autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele afirmou em sua decisão que ele iria depor na condição de testemunha e deveria ter o direito ao silêncio e a garantia de não autoincriminação assegurados quando questionado sobre temas que possam incriminá-lo.
O político inclusive deixou de comparecer a CPI em que faria depoimento na semana passada, mostrando que não está interessado em colaborar com as investigações sobre os ataques de 8 de janeiro. Ele é investigado por suposta omissão durante a invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Nova tentativa de depoimento deve ocorrer ainda nesta quinta-feira.
