14/01/2023 - 8:26
Ex-ministro de Bolsonaro era secretário de Segurança Pública do DF e estava nos EUA durante os atos golpistas em Brasília. Ele teve prisão determinada por suspeita de ter facilitado ataques.O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres foi preso na manhã deste sábado (14/01) pela Polícia Federal (PF) após desembarcar no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, em voo originado de Miami, nos Estados Unidos.
Ele teve sua prisão preventiva determinada na última terça-feira pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de que ele facilitou os ataques às sedes dos três Poderes em Brasília por grupos de bolsonaristas radicais. A decisão foi confirmada posteriormente pelo plenário do STF.
O ex-ministro chegou a Brasília no voo 7749, da Gol, depois de ter embarcado na noite desta sexta-feira no aeroporto de Miami.
De acordo com o portal UOL, passageiros afirmaram que o ex-ministro saiu do avião escoltado por policiais federais antes do desembarque dos outros viajantes. A PF confirmou que o ex-ministro recebeu voz de prisão ainda no aeroporto
Torres não estava em Brasília no dia em que os extremistas depredaram os edifícios do STF, do Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Depois de assumir o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 2 de janeiro, ele partiu em uma viagem de férias aos Estados Unidos.
O interventor do governo federal na segurança pública do DF, Ricardo Garcia Cappelli, acusou Torres de estar por trás de uma sabotagem nas forças de segurança da capital federal, que teria sido orquestrada pelo então secretário da Segurança Pública.
“Foi um ato de sabotagem do secretário Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, que assumiu a Secretaria de Segurança no dia 2, mudou todo o comando e viajou. Não foi por acaso”, disse Cappelli.
Decreto golpista
Durante buscas na residência de Torres realizadas na terça-feira, a Polícia Federal (PF) apreendeu uma minuta de decreto presidencial que orientava o então presidente a instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O documento daria poderes a Bolsonaro para interferir na atuação da Corte eleitoral com o objetivo de alterar o resultado das eleições presidenciais vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva. O decreto, se fosse publicado, seria inconstitucional.
A apreensão do documento foi revelada primeiramente pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada por outros veículos da imprensa. Segundo apuração da emissora Globonews, a minuta menciona o restabelecimento imediato da lisura e a correção das eleições de outubro de 2022.
A Constituição Federal prevê que o presidente da República pode decretar estado de defesa a fim de “preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza”.
md (ots)