A Andrade Gutierrez está negociando para assumir um contrato no valor de US$ 800 milhões para a produção de 24 módulos de plataformas no Polo Naval do Jacuí, na cidade gaúcha de Charqueadas, hoje a cargo da Iesa Óleo e Gás – que está com problemas financeiros e atrasou a entrega do primeiro lote de equipamentos. A informação foi repassada pela Petrobras ao governo do Rio Grande do Sul em reunião nesta segunda-feira, 14, na capital gaúcha com a presença da presidente da estatal, Maria das Graças Foster.

Além de Graça, estiveram no encontro a portas fechadas o diretor de Engenharia da Petrobras, José Antônio Figueiredo, o governador Tarso Genro (PT), alguns secretários de governo e o vice-presidente do Banrisul, Guilherme Cassel. Depois de uma hora, Graça deixou o Palácio Piratini sem falar com a imprensa.

“Ela veio montar uma estratégia conjunta com o governo do Estado para acelerar essa negociação que está em andamento”, disse o secretário do Planejamento do Rio Grande do Sul, João Motta.

Pressionada para aumentar o nível de produção, a Petrobras teme que o problema envolvendo a Iesa provoque um efeito cascata e prejudique o cronograma de construção das plataformas replicantes que vão explorar as bacias do pré-sal. Por isso, teria cogitado suspender o pedido e trazer os módulos do exterior, o que colocaria em risco o futuro do Polo Naval do Jacuí.

“A presidente Graça renovou o grande interesse que tem na continuação do Polo do Jacuí. Agora cabe às empresas que estão negociando, a Andrade Gutierrez e a Iesa, se acertarem entre elas e tocar para frente”, explicou o secretário de Desenvolvimento do RS, Mauro Knijnik. Segundo ele, a Petrobras quer resolver a questão “para ontem”, mas não estipulou prazos nem sinalizou uma possível ruptura de contrato.

Procurada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a Andrade Gutierrez confirmou que as negociações sobre a entrada da companhia no projeto do Polo Naval de Jacuí estão em andamento, com a Petrobras e com a Iesa, mas informou que ainda não há uma definição sobre o assunto.

No momento, com a crise da Iesa, o Polo Naval do Jacuí opera em ritmo extremamente reduzido, com cerca de 24% de sua capacidade. Entre o governo e o setor industrial gaúcho, existe o temor de que o problema respingue também no Polo Naval de Rio Grande, o maior do Estado, que deve receber os módulos, chamados de “pancakes”, depois de prontos para dar continuidade à montagem das plataformas.

Hoje de manhã, antes de chegar à capital gaúcha, Graça esteve no Polo de Rio Grande acompanhando a evolução das plataformas P-66 e P-67, que não dependem das encomendas feitas à Iesa e já estão em fase final de construção.

Mauro Knijnik deve convocar representantes da Iesa e da Andrade Gutierrez para uma reunião em Porto Alegre ainda esta semana. “O Estado do Rio Grande do Sul está mobilizado para ajudar”, afirmou o secretário. No entanto, ele não soube dizer como deve se dar o acordo entre as empresas – se haverá uma associação entre elas para produzir em conjunto ou se a Iesa transferirá o contrato para o novo player que entraria no projeto.