Para André Esteves, presidente do Conselho de Administração do BTG Pactual, os banqueiros centrais de todo o mundo têm falado mais do que o necessário – ou do que o desejável.

“Acho que temos uma ‘sobrecomunicação’ por parte dos banqueiro centrais. Eles têm as mesmas informações do que o mercado, só que eles comunicam demais e isso acaba direcionando o mercado, e aí você perde o ponto mais importante [para condução da política monetária] da informação, que são os preços de mercado”, disse.

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“Estamos em um momento que os bancos centrais ‘sobrecomunicam’. Não comunicam errado, mas isso tem implicações”, completou.

Esteves participou desta quarta-feira, e, São Paulo, do Bloomberg New Economy at B20, onde avaliou que o Brasil avança independentemente de Lula ou Bolsonaro.

Ele defendeu uma ‘abordagem mais silenciosa’ por parte das autoridades monetárias ao redor do mundo.

Sobre a condução da política monetária do Federal Reserve (Fed), o banqueiro comentou que o cenário é de ‘uma volatilidade incrível’, citando o fato de que o mercado mudou sucessivas vezes suas perspectivas para a quantidade, o timing e a magnitude dos cortes de juros.

BC do Brasil será técnico independentemente do governo

Esteves ainda citou a independência do Banco Central (BC) como um avanço institucional relevante no Brasil.

Ao ser indagado sobre uma possível intervenção do Executivo na autoridade monetária nos próximos anos, o banqueiro foi categórico em dizer que isso está fora do radar.

“A atuação do Banco Central será estritamente técnica e eu não tenho dúvidas disso”.