Um ícone que “continuou o combate sem perder esperança”, uma “lenda viva”: a visita de três dias a Nantes – principal porto negreiro da França – da militante do movimento negro norte-americana Angela Davis causou frisson especialmente entre os jovens.

Convidada de honra à cidade francesa por ocasião das comemorações da abolição da escravatura, Angela Davis, ícone político dos anos 1970, reuniu-se com estudantes de todas as idades para transmitir uma só mensagem: “Mobilizem-se!”.

Sem um “enorme movimento de solidariedade que foi levado a diversas partes do planeta”, contou a ativista dos direitos civis, feminista e militante pelo igualdade racial, ela não teria sido libertada em 1972, dois anos após ser presa e perseguida pelo FBI, suspeita de ter participado de um sequestro que resultou na morte de um juiz na Califórnia.

E esta campanha de mobilização mundial foi criada “sem a ajuda de tecnologias de comunicação sofisticadas”, em uma época em que “nós escrevíamos cartas enviadas pelo correio. Vocês não fazem nem ideia do que seja isso”, brincou a ex-Pantera Negra.

Mesmo com as ferramentas de comunicação disponíveis hoje, “as redes sociais, Facebook e Twitter, não se trata apenas de ir a um evento e chamar as pessoas para participar, porque as pessoas vão um dia, se sentem bem naquele dia, e, em seguida, vão para casa”, argumentou.

“É preciso persistência”, insistiu, parabenizando os protestos contra a “violência policial racista” em Ferguson e Baltimore, nos Estados Unidos, e os jovens que “se recusam a ir para casa”, permitindo uma “tomada de consciência ” e chamando a atenção da mídia.

“Tive a oportunidade de conhecer alguns destes jovens e (…) acho que não sinto um tal compromisso desde os anos 60, talvez”, ressaltou a ativista.

“No meu caso, nós só ganhamos porque as pessoas se deram as mãos para além das fronteiras de todo o mundo, especialmente aqui na França”, insistiu Davis durante uma visita ao Memorial à Abolição da Escravatura, dizendo estar “realmente feliz em levar esta mensagem aos jovens de hoje”.

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