O presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão oficial de formação política do PSDB, José Aníbal, afirmou neste sábado, 02, que “justifica-se não levar a proposta de reforma da Previdência à votação na Câmara na semana que se inicia amanhã e sim na outra”.

“Até mesmo pela expectativa de que na outra semana haverá uma maioria firme para votar e aprovar a reforma, sobretudo a idade mínima com regra de transição muito adequada para dar sustentabilidade da previdência do INSS e um combate aos privilégios, acabando com as aposentadorias especiais do setor público”, disse. Ele acrescentou que as aposentadorias especiais do setor público são pagas pelo Tesouro e, portanto, pelos mais pobres.

Questionado sobre se o pedido do PSDB para que seja incluído na proposta de reforma da Previdência uma regra de transição para funcionários que ingressaram no serviço público antes de 2003 não era uma forma de manter privilégios, o ex-deputado tucano disse que é inaceitável esse tipo de pedido do partido. “É inaceitável esse tipo de transição que o PSDB está pedindo neste momento. Podemos trabalhar sobre isso em momentos posteriores. Nesse momento temos que aprovar aquilo que está acordado”, criticou.

A avaliação do presidente do Instituto Teotônio Vilela é a de que este tema poderá ser discutido mais tarde. “Mais adiante a gente vai aperfeiçoando. Não temos compromisso com o erro. O que for preciso fazer para diferenciar aqui e acolá nós podemos fazer, mas mais adiante. A reforma da Previdência é crucial até para dar motivação aos investidores para que voltem ao Brasil”, disse Aníbal.

De acordo com ele, se a reforma previdenciária passar agora, a percepção das agências internacionais de classificação de risco em relação ao País melhora e com essa melhora eleva-se também a confiança do investidor estrangeiro em colocar dinheiro no País. Na mão contrária, segundo Aníbal, se a reforma não passar, a possibilidade de o Brasil receber investimentos estrangeiros vai ser muito mais difícil, mais onerosa e o País terá de pagar mais do que teria de pagar se houvesse uma convergência para as contas públicas. “É disso que se trata. Com reforma tem o horizonte de que o Brasil vai saber administrar suas contas públicas. Sem reforma o Brasil corre o risco de não ter como administrar as suas contas”, disse.

Aníbal falou com a AgÊncia Estado após ter participado em São Paulo de evento que reuniu lideranças do PSDB, PT, PSB, PSD, PPS e PV na tentativa de buscar pontos em comum em defesa da democracia, direitos humanos e contra o avanço da “pauta autoritária e conservadora”. Além do tucano, marcaram presenças no evento o vereador petista Eduardo Suplicy, Eduardo Jorge (PV) e Arnaldo Jardim (PPS). Os tucanos José Serra e o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, não compareceram.