Entidades que representam veículos de imprensa e a Ordem dos  Advogados do Brasil (OAB) se manifestaram contra a quebra do sigilo  telefônico da jornalista Andreza Matais, editora da Coluna do Estadão. A  medida foi tomada no dia 8 de novembro para identificar a fonte de uma  série de reportagens da jornalista publicada em 2012 pelo jornal Folha  de S.Paulo.

Uma nota conjunta assinada pela Associação  Nacional de Jornais (ANJ), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e  TV (Abert) e Associação nacional de Editores de Revistas (Aner) reforça  que as instituições condenam a decisão e esperam que a determinação  seja reconsiderada pela Justiça. As instituições defendem o sigilo da  fonte no exercício da profissão. “Quebrar o sigilo telefônico de um  jornalista implica em gravíssima violação a um direito constitucional e  ao livre exercício da profissão”, diz o texto.

O  presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, afirmou  em nota que violar o sigilo de uma jornalista com a finalidade de  descobrir quais são suas fontes é inconstitucional. “Isso representa um  grave ataque à liberdade de imprensa e à Constituição, que é clara ao  proteger o direito do jornalista de manter sigilo a respeito de suas  fontes. Não se combate o crime comentando outro crime”, diz.

Para  Lamachia, ao proteger o sigilo da fonte, é assegurada o exercício da  imprensa livre e o serviço de informação à sociedade. “Violar a proteção  constitucional dada ao trabalho da imprensa significa atacar o direito  que a sociedade tem de ser bem informada”, afirma a nota.

A  jornalista não é suspeita de crime. A determinação é do juiz Rubens  Pedreiro Lopes, do Departamento de Inquéritos Policiais de São Paulo, e  autoriza o acesso da Polícia Civil aos registros de três linhas de  celular. Um dos números estava em nome da Folha de S.Paulo na época.

A  investigação que originou a quebra do sigilo foi aberta a pedido do  ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Simões Toledo. Ele foi  citado em reportagem que revelou uma sindicância para investigar  movimentação atípica de R$ 1 milhão identificada pelo Conselho de  Controle de Atividades Financeiras (Coaf). No processo, a jornalista  alegou que não iria se manifestar para preservar o sigilo da fonte.