01/07/2025 - 7:00
Em um ambiente mais tempestuoso em termos de macroeconomia, o CEO da Taesa, Rinaldo Pecchio Jr, avalia que as incertezas pressionam o ambiente de negócios do setor elétrico, afetando captações das companhias e por consequência também as participações em leilões.
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A visão é de que os juros mais altos brecam a possibilidade de que, tanto a Taesa quanto suas concorrentes, possam ser mais ‘agressivas’ nos leilões.
“Essa questão de Selic mais reflete no financiamento que, por sua vez, se reflete em uma menor capacidade de ser mais agressivo na hora de fazer um deságio na hora de participar de um leilão. Se tivéssemos condições mais estáveis conseguiríamos prever o que vai acontecer mais a frente. Juros mais altos significam custo de capital mais alto e isso você não consegue refletir nas condições de participação do leilão na mesma medida”, disse o CEO à Istoé Dinheiro.
O executivo entende que o ambiente de negócios atual faz com que os prazos de captações sejam mais curtos – ou seja, no momento atual quem concede capital está emprestando dinheiro por menos tempo, dado que está mais difícil prever o que ocorrerá na economia brasileira no curto, médio e longo prazo.
“As condições financeiras de captação refletem o sentimento dos mercados com relação ao que deve ser refletido em taxa de de juros e prazos de captação. Esse é um ano bastante difícil porque temos discussões sobre qual índice fazer captação, quais os prazos, e a preocupação é você, hoje, em um nível considerado alto de taxa de juros, sabermos que não podemos perder a oportunidade de pegar uma condição melhor [de financiamento] um pouco mais a frente”, diz Rinaldo Pecchio Jr.
Taesa está otimista com próximo leilão e espera ‘grande concorrência’
Neste ano haverá somente um leilão de transmissão e a gestão da Taesa sinaliza que a companhia deve participar.
Com isso, atualmente a empresa estuda os lotes e tentará fechar um negócio que tenha sinergia com as demais operaões.
“A expectativa para o próximo leilão é de que terá muita concorrência. Estaremos muito preparados, analisando os lotes, estamos procurando os que tem mais aderência com o restante das nossas operações para que possamos levar uma proposta para os acionistas que traga bom retorno”, diz Pecchio.
O executivo atesta que, embora a alavancagem esteja em um patamar de 4,1 vezes o Ebitda, a companhia não vê isso como um impeditivo para participação em novos leilões tampocuo como um limitante para novos investimentos.
Além disso, pontua que no caso de vencer um ou mais blocos no leilão de outubro, o capital a ser destinado ao projeto só deve sair do caixa da companhia cerca de dois anos depois.
Nesse sentido, adiciona que a Taesa passará deve passar pelo que chama de uma ‘desalavancagem contratada’, já que deve ocorrer um salto de Receita Anual Permitida (RAP) em cerca de R$ 400 milhões até 2026 – o que então deve jogar o patamar de alavancagem para algo em torno de 3,5 vezes a 4 vezes o Ebitda, considerado mais confortável.
“Entendemos que leilão é uma alternativa de crescimento da companhia. As condições atuais são difíceis, é difícil prever o que vai acontecer nos próximos muitos meses, mas ainda assim vemos muitas boas oportunidades e estamos muito animados com a participação nos próximos leilão.”
‘Queremos conjugar dividendos com crescimento’
Questionado sobre um eventual retorno do dividend yield da companhia para um patamar acima de 10%, Pecchio destacou que a visão da empresa é de conciliar as expectativas de crescimento com a remuneração aos acionistas, e de que regra atual deve ser mantida – com a companhia indexando seus dividendos ao resultado regulatório, e não mais ao IFRS.
“Nosso compromisso é de ter uma operação melhor, cada vez com mais eficiência, trazendo inovação, e que consigamos conjugar crescimento com dividendos. Acho que somos uma excelente pagadora de dividendos e devemos continuar assim, e tentando maximizar sempre o pagamento de dividendos dadas as condições financeiras da companhia”, disse o CEO da Taesa.