24/08/2022 - 12:38
Os medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) são os mais comuns em farmácias brasileiras e estão disponíveis nas gôndolas de todas as grandes redes. Uma pesquisa publicada pela Sociedade Europeia de Cardiologia, porém, aponta que o uso desse tipo de medicamento pode fazer com que pacientes com diabetes tipo 2 sejam vítimas de insuficiência cardíaca.
A pesquisa desenvolvida pelo o Hospital Universitário de Copenhague, na Dinamarca, investigou a associação entre o uso dos medicamentos a curto prazo e o risco de hospitalização pela primeira vez por insuficiência cardíaca em pacientes com diabetes tipo 2.
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Os pesquisadores usaram 331.789 registros de saúde para identificar pacientes diagnosticados com a doença entre 1998 a 2021. As informações foram coletadas em prescrições de AINEs orais (celecoxib, diclofenaco, ibuprofeno e naproxeno) solicitadas antes da primeira hospitalização por insuficiência cardíaca.
“Em nosso estudo, aproximadamente um em cada seis pacientes com diabetes tipo 2 reivindicou pelo menos uma prescrição de AINEs dentro de um ano. Em geral, sempre recomendamos que os pacientes consultem seu médico antes de iniciar um novo medicamento e, com os resultados deste estudo, esperamos ajudar os médicos a mitigar o risco ao prescrever AINEs”, disse o principal autor do levantamento, Dr. Anders Holt, do Hospital Universitário de Copenhague.
Apesar disso, o pesquisador apontou que quem mais está exposto a esse risco são as pessoas acima dos 65 anos que estavam com a diabete descontrolada. O estudo completo será publicado no Congresso Europeu de Cardiologia no dia 26 de agosto.
Cuidado na hora de se medicar
Para a gerente médica do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, Roberta Saretta, o estudo é observacional e ainda exige que mais pesquisas sejam feitas nesse sentido.
Ela alerta, porém, que, apesar do universo que foi afetado pelo uso dos AINEs ainda ser restrito aos mais idosos e com a diabete fora do controle, é preciso que pacientes de doenças cardiovasculares tomem muito cuidado com os medicamentos tomados sem prescrição médica.
“Pacientes de doenças cardiovasculares têm um risco maior de complicação no uso indiscriminado dessa medicação. Como medicamentos como advil e cataflam não exigem receita, há uma falsa impressão de que eles são seguros e isso não é uma verdade absoluta”, disse.