04/08/2021 - 3:35
O veado-de-cauda-branca (Odocoileus virginianus), uma espécie encontrada do sul do Canadá até o norte da América do Sul (incluindo Roraima e Amapá, no Brasil), pode estar contraindo o novo coronavírus (SARS-CoV-2) na natureza, de acordo com estudo publicado na última quinta (29/7) no repositório científico online bioRxiv (ainda não foi verificado por outros cientistas).
De acordo com a revista americana National Geographic, pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos analisaram amostras de sangue de mais de 600 cervos selvagens nos estados de Michigan, Illinois, Nova Iorque e Pensilvânia nos últimos 10 anos.
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Eles descobriram que 40% (152) dos animais testados entre janeiro e março de 2021 apresentavam anticorpos para SARS-CoV-2. Outros três cervos analisados em janeiro de 2020 também tinham anticorpos.
A presença das células de defesa significa que provavelmente os cervos entraram em contato com o vírus e, em seguida, o organismo deles lutou contra o causador da covid-19. Os animais não pareciam doentes, informa a revista, então, provavelmente, adquiriram a versão assintomática, da doença. Aproximadamente 30 milhões de cervos de cauda branca vivem nos EUA.
“O risco de os animais espalharem o SARS-CoV-2 para as pessoas é considerado baixo”, afirma Departamento de Agricultura à National Geographic. Ainda assim, os resultados podem sugerir que “um reservatório secundário do novo coronavírus foi estabelecido na vida selvagem nos EUA”, segundo o veterinário Jüergen Richt, da Universidade Estadual de Kansas (EUA), citado pela revista.
Se o vírus estiver circulando em outras espécies, pode continuar evoluindo, talvez de maneiras que o tornem mais perigoso ou infeccioso, prejudicando os esforços para desacelerar a pandemia.
Em maio deste ano, um estudo publicado no jornal científico Journal of Virology, revelou que os cervos são suscetíveis ao SARS-CoV-2 quando a infecção era simulada em laboratório – e que podem transmitir o vírus uns para os outros.
Mas os cientistas não sabiam se as infecções estavam ocorrendo na natureza. Como mostra a National Geographic, a única espécie que os cientistas comprovaram a aquisição do vírus na natureza foi o vison, embora gatos, cães, lontras, leões, tigres, leopardos das neves, gorilas e um puma tenham apresentado surtos em cativeiro ou em zoológicos.