03/08/2022 - 9:44
Antes da invasão russa, Anton Zaika mal sabia diferenciar uma pistola Beretta de uma Bazuka, mas este ferreiro ucraniano encontrou uma forma de contribuir para o esforço da guerra: agora, fabrica barreiras antitanques para proteger os batalhões de voluntários locais em Sumy, uma cidade no nordeste da Ucrânia.
Proprietário de um pequeno, mas bem-sucedido, negócio de venda de móveis de metal para ricos clientes europeus, ele agora fabrica esses itens de proteção e os entrega gratuitamente à unidade de Defesa Territorial que luta contra a invasão russa. Até começou a comprar e transformar carros velhos e surrados em veículos blindados improvisados.
“No início da invasão, não havia mais policiais na cidade, ou muitos soldados”, disse Anton Zaika, de 32 anos, à AFP em sua oficina em Sumy, cidade de 260 mil habitantes a apenas 25 quilômetros da fronteira com a Rússia.
“Sendo assim, tínhamos principalmente defesa territorial. Foram nossos cidadãos que pegaram em armas e impediram o inimigo de entrar na cidade. Não sou bom com armas, então fiz o que sei melhor para ajudá-los”, diz este pai de um menino de seis anos e uma menina de quatro meses.
Fundada pelos cossacos em meados do século XVII, Sumy teve de lutar por sua sobrevivência desde o início da agressão de Moscou contra a Ucrânia em fevereiro.
A cidade, que quase foi tomada pelos russos, respondeu rapidamente, sendo envolvida por seis semanas em intensos combates de rua.
Cercada e bombardeada diariamente pela artilharia, com trens e ônibus fora da cidade suspensos e estradas e pontes pulverizadas, a população ficou presa, enquanto os suprimentos de água e alimentos ficaram escassos. Os ataques aéreos continuaram durante o verão, com as forças terrestres russas tentando repetidamente retomar a cidade.
Anton Zaika, que aprendeu o ofício com seu pai, dirige a empresa há sete anos e esperava abrir uma nova oficina antes da guerra. Para isso, comprou materiais no valor de 25.000 euros.
Todo esse estoque se esgotou no primeiro mês da invasão, quando passou a receber pedidos de socorro das Unidades de Defesa Territorial.
Desde então, fez mais de 500 fogões para combatentes, mas também para tornar a vida mais agradável em abrigos antiaéreos e em cidades e vilarejos próximos, onde os bombardeios cortaram o fornecimento de gás.