24/11/2021 - 15:17
Um naufrágio de um barco com migrantes nesta quarta-feira (24) na costa norte da França deixou “mais de 27 mortos”, informou a polícia francesa à AFP em um novo balanço provisório.
Segundo uma fonte próxima ao caso, a embarcação zarpou com cerca de 50 migrantes a bordo em Dunquerque (norte).
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, lamentou no Twitter essa “tragédia”.
“Meus pensamentos estão com os muitos desaparecidos e feridos, vítimas de… Criminosos que se aproveitam de sua angústia e miséria”, acrescentou.
O balanço dessa tragédia supera por si só o número total de mortes no Canal da Mancha desde 2018, quando começou a aumentar o número de migrantes que tentam alcançar as costas britânicas a bordo de pequenas embarcações devido à maior vigilância nos portos e no túnel que liga França e Inglaterra.
Antes desse naufrágio, o balanço de 2021 era de três mortos e quatro desaparecidos. Em 2020, seis pessoas perderam a vida e outras três desapareceram. Em 2019, foram registrados quatro mortos.
As tarefas de busca, que continuam durante a tarde, começaram depois que um pescador alertou “por volta de 14h00” a “descoberta de cerca de 15 corpos flutuando nas costas de Calais”, segundo o ministério do Interior.
De acordo com a prefeitura marítima local, três helicópteros e três navios participavam dos trabalhos de busca. O Ministério Público de Dunquerque (norte) anunciou à AFP a abertura de uma investigação.
– Reunião de crise em Londres –
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, que deve visitar o local, expressou no Twitter sua “forte comoção” diante dessa “tragédia” e destacou a “natureza criminosa” de quem “organiza essas travessias”.
O prefeito marítimo da Mancha e do Mar do Norte, Philippe Dutrieux, alertou na sexta-feira à AFP que essas travessias de migrantes a bordo de pequenas embarcações dobraram nos últimos três meses.
Até 20 de novembro, 31.500 migrantes saíram das costas francesas desde janeiro e 7.800 foram resgatados, afirmou Dutrieux, que apontou que a tendência não diminuiu, apesar da queda das temperaturas.
O Reino Unido, que acusou meses atrás a França de não fazer o suficiente para deter a chegada de migrantes a suas costas, vai garantir que 22.000 consigam cruzar o Canal da Mancha nos 10 primeiros meses do ano.
Apesar da tensão entre os dois países por este fenômeno, Londres e Paris se comprometeram a “reforçar” sua cooperação, após a chegada em 11 de novembro de 1.185 migrantes às costas inglesas, um recorde.
Após a nova tragédia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, convocou uma reunião de crise com vários de seus ministros “sobre a situação no Canal da Mancha esta tarde”, anunciou seu porta-voz.