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CAMPEÃO NAS PISTAS DE stock car, o empresário Alexandre Negrão pode ir para o acostamento – pelo menos no que diz respeito ao comando dos negócios da farmacêutica Medley, controlada por sua família. A empresa está à venda há alguns meses, como antecipou a DINHEIRO, mas agora analistas dizem que surgiu um comprador, o laboratório francês Sanofi-Aventis.
O preço, segundo o mercado, chegaria a pouco mais de R$ 500 milhões, metade do valor que os controladores da empresa exigiam em junho do ano passado, de R$ 1 bilhão.

Procuradas pela revista, as duas empresas não comentaram o assunto. Um dos maiores laboratórios de genéricos do País, a Medley compete em um mercado definido basicamente pelo preço dos medicamentos. Mas o alto custo de produção tem trazido desvantagens em relação aos concorrentes.Como a matéria- prima dos produtos é importada da China e Índia, a desvalorização do real fez a margem líquida cair. O encarecimento do crédito e a escassez de recursos também reduziram o caixa da empresa.

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Tudo isso contribuiu para a decisão de venda por um valor menor do que o pretendido. O faturamento bruto da Medley, estima um analista, foi de R$ 700 milhões em 2008, enquanto o lucro bruto ficou em R$ 490 milhões. Para a Sanofi, a compra representaria um salto no mercado brasileiro, principalmente no segmento de genéricos. As vendas da francesa no País somaram R$ 1,6 bilhão em 2008 e chegariam a R$ 2,3 bilhões com a aquisição. Além disso, a linha de 20 medicamentos genéricos da Sanofi, comercializada com a marca Winthrop, receberia o reforço dos mais de 100 registros da Medley por aqui.

“A Sanofise tornaria o líder em genéricos no Brasil, sem precisar investir em fabricação e pesquisa de novos medicamentos”, afirma um especialista do setor. Há oito meses os boatos da venda da brasileira pairavam no mercado farmacêutico. Na época, cogitava-se até a possível compra de 49% da empresa pelo BNDES, desde que a outra parte fosse adquirida por uma concorrente nacional.

ESM, Aché e Teva eram apontadas por analistas como algumas das interessadas. Por que agora a negociação está sendo feita apenas com a francesa? “Não sabemos. Mas, em tempos de crise, leva vantagem quem tem dinheiro em caixa. E isso a Sanofitem”, diz um analista.