16/11/2011 - 21:00
Papéis avulsos
A BM&FBovespa decidiu enfrentar a queda dos preços das ações e a fuga dos investidores cortando gastos. A meta de despesas para 2011, que atingia o máximo de R$ 635 milhões inicialmente, foi reduzida para R$ 590 milhões. Os investimentos também foram reduzidos. O esforço conseguiu preservar os resultados: o lucro do terceiro trimestre foi de R$ 292 milhões, uma queda de apenas 0,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O faturamento subiu 0,9%, atingindo R$ 493 milhões. A alta nas receitas só não foi maior porque a base de comparação era elevada: em 2010, grandes ofertas de ações da Petrobras e do Banco do Brasil turbinaram as comissões recebidas pela bolsa. Para os analistas, o aperto foi bem recebido. “A bolsa não pode controlar os negócios nos pregões, por isso ela fez a lição de casa ao controlar os gastos”, diz Luciana Leocádio, analista da Ativa Corretora. Na quarta-feira 9, dia do anúncio dos resultados, as ações da BM&F Bovespa subiram 0,8%.
Recompras
Itaú e Cetip aproveitam os preços baixos no pregão
A semana foi pródiga em anúncios de recompra de ações. Aproveitando os baixos preços, Itaú Unibanco e Cetip vão adquirir seus papéis. O banco anunciou que vai absorver até 278 milhões de ações até 8 de novembro de 2012, sendo 213 milhões de preferenciais e 65 milhões de ordinárias. No caso da Cetip, a maior depositária de títulos privados de renda fixa da América Latina, a recompra será de até quatro milhões de ações ordinárias, o equivalente a 1,58% do total de ações em circulação, também até 8 de novembro de 2012.
Educação financeira
O livro Negócios S/A: Administração na Prática, dos autores Paulo e Márcio Buchsbaum, custa R$ 95,90. Editora Cengage Learning.
Touro x Urso
O comportamento da bolsa na segunda semana de novembro foi marcado pela tensão entre duas forças conflitantes. No lado dos ursos, os investidores se preocuparam com a crescente deterioração da situação na Europa. Depois da Grécia, Portugal e Irlanda, economias problemáticas, mas pequenas, chegou a vez da Itália. A deterioração da situação, que provocou até a saída do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, pressionou os preços para baixo. No entanto, os touros viram sua posição se fortalecer com os bons resultados das empresas no terceiro trimestre. Juntos, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander lucraram R$ 21,9 bilhões, de janeiro a setembro de 2011, 12,5% mais que no mesmo período do ano passado. Para a próxima semana, abreviada pelo feriado, o comportamento da bolsa vai depender da tensão entre essas forças conflitantes.
Destaque no pregão
Ressaca com o lucro da Ambev
O resultado do terceiro trimestre deixou os investidores da Ambev com a sensação de uma ressaca, mesmo sem ter tomado um só gole de cerveja. A empresa vendeu mais – sua receita cresceu 6,6% –, mas o lucro encolheu 6,8% devido ao impacto da alta do dólar e das despesas financeiras. Segundo a empresa, os custos gerais e administrativos também subiram: para embalagens e matéria-prima, a alta foi de 4,5% por hectolitro; para as áreas de logística e comercial, o incremento das despesas chegou a 7,3%. O volume de vendas no Brasil cresceu 2,9%, chegando a 28 milhões de hectolitros no trimestre.
Palavra de analista: Apesar da queda nos lucros, é possível desfrutar de alguns momentos de euforia. O principal é a volta do crescimento das vendas no País. Já o resultado financeiro ficou abaixo das projeções dos analistas. “Mantemos nossa recomendação de compra, mas estamos revisando o nosso preço-alvo”, escreveram Renato Prado e Ronaldo Kasinski, da Fator Corretora. Na quarta-feira 8, dia da divulgação dos resultados, a ação fechou cotada a R$ 57,10.
Quem vem lá
Laboratório Fleury quer injeção de R$ 450 milhões
O grupo Fleury, que atua no ramo de medicina diagnóstica, quer melhorar sua saúde financeira captando R$ 450 milhões por meio de uma emissão de 45 mil debêntures simples, não conversíveis em ações. Os papéis terão duas séries. A primeira, mais curta, deve render 100% dos juros de mercado mais um prêmio de 1,1% ao ano. Na segunda série, mais longa, esse prêmio será um pouco maior, de 1,30% ao ano.
Fique de Olho: Para receber a remuneração total, os investidores terão que ficar com os papéis da primeira série por cinco anos e com os da segunda série por sete.
Mercado em números
Telefônica
R$ 1,33 bilhão - Foi o lucro líquido da Telefônica Brasil no terceiro trimestre, um crescimento de 6,6% ante o R$ 1,25 bilhão no mesmo período de 2010. Telefônica Brasil é o novo nome da Telesp, alterado após a reorganização societária que incorporou a Vivo.
Cosan
74,90% – Foi a queda do lucro líquido da Cosan no terceiro trimestre se comparado ao mesmo período de 2010. A empresa de açúcar e etanol lucrou R$ 63,2 milhões. Segundo a Cosan, o revés ocorreu devido a perdas com a variação cambial no período.
Tekno
R$ 2,17 - É quanto a empresa metalúrgica que produz materiais prepintados vai pagar em juros sobre capital próprio para cada ação tanto ordinária quanto preferencial. Ao todo, a empresa vai distribuir R$ 5,8 milhões, que serão pagos no dia 25 de novembro.
ALL
9,6% - Foi o aumento do volume transportado pela América Latina Logística no terceiro trimestre do ano, que, ao todo, transportou 12 bilhões de TKUs (toneladas transportadas por quilômetro útil). O crescimento no mercado brasileiro foi de 10,4%. O lucro líquido da companhia foi de R$ 91,3 milhões, 3,3% acima dos R$ 88,4 milhões obtidos no mesmo intervalo de 2010.
Pelo mundo
Combustível reduz ganho da Air France: O lucro da companhia aérea Air France – KLM caiu 31% no trimestre, principalmente pela alta de 14% nos preços dos combustíveis. Os ganhos foram de € 397 milhões. O faturamento, por sua vez, subiu 2,1%, para € 6,79 bilhões. No dia da divulgação dos resultados, as ações tiveram baixa de 3%, para €4,86.
GM lucra US$ 1,7 bilhão: A General Motors (GM) anunciou lucro de US$ 1,7 bilhão no terceiro trimestre, 15% inferior ao mesmo período de 2010. A receita aumentou 7,6% e chegou aos US$ 36,7 bilhões. No dia do anúncio, quarta-feira 9, as ações da empresa tiveram queda de 10,8%.
HSBC pode tirar sede da Inglaterra: O banco HSBC anunciou, na quinta-feira 10, que maiores exigências de capital podem fazê-lo transferir sua sede do Reino Unido em 2012, após 18 anos em Londres. O banco lucrou US$ 3 bilhões no terceiro trimestre, queda de 36% ante o mesmo período de 2010. No dia, suas ações ficaram estáveis.
Personagem
Conexão com o acionista
Única operadora de telecomunicações do País com atuação preferencial na telefonia móvel, a TIM resolveu melhorar sua conexão com os acionistas: colocou o departamento de Relações com Investidores (RI) diretamente sob os olhares do presidente, Luca Luciani, e contratou Rogério Tostes Viana para assumir o cargo. Viana conversou com a DINHEIRO.
Rogério Tostes Viana, diretor de Relações com Investidores da TIM: ”Seremos cada vez mais agressivos”
A TIM migrou para o Novo Mercado, em agosto, e agora mudou o departamento de relações com investidores. Qual é o objetivo?
Mostrar ao acionista que ele é prioridade. Agora, respondo diretamente a Luciani, que passa a ficar envolvido nesse universo. O retorno ao acionista virou questão número 1, assim como a transparência, e por isso a opção pelo Novo Mercado, onde somos a única operadora listada.
Qual a estratégia da TIM, que não tem operações fora da telefonia móvel?
Nossa diferença é essa. Não temos legado no mundo fixo para nos preocupar, não comprometemos nossa receita com a mudança
do consumidor do mundo fixo para o móvel, então podemos ser mais agressivos e seremos cada vez mais.
A empresa não corre o risco de perder mercado para a concorrência por não oferecer serviços integrados?
Esses serviços só existem no papel. Apenas 6% da base de clientes da Oi, por exemplo, têm o chamado combo (telefonia fixa, móvel, banda larga e tevê). Isso porque é difícil fazer uma oferta eficiente de serviços em todas as frentes.
E como vocês se diferenciam nas operações móveis, que são as mais competitivas?
Criamos o conceito ilimitado há dois anos e, com isso, nosso cliente pode fazer ligações de longa distância ou locais pagando por chamada e não por minuto. Foi uma revolução e nos fez ultrapassar a Claro na segunda posição do mercado. Hoje, temos 26% de market share, atrás apenas da Vivo, com 29,5%.
O futuro das receitas está na transmissão de dados em vez de voz?
Sem dúvida. A comunicação por dados é mais rápida, eficiente e será mais rentável. Hoje, cerca de 15% da receita é originada da venda de serviços de dados e isso tende a aumentar.