12/11/2021 - 20:50
A disputa pela presidência em 2022 promete ser quente. A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e Lula da Silva deve ganhar elementos novos com a provável candidatura de Sergio Moro – além de uma quarta, quinta ou sexta via. Apesar de ser imprevisível, existem coisas bem previsíveis na corrida eleitoral que se aproxima. No campo econômico, a mais certa dela é o avanço do populismo. Bolsonaro, sem qualquer dúvida, vai para o tudo ou nada para tentar sua cada vez mais improvável reeleição.
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Os sinais desse movimento já estão claros e, infelizmente, deixarão estragos para a economia e para o ambiente de negócios. A decisão de turbinar programas sociais para tentar se reeleger em 2022 deflagrou uma onda negativa no mercado e gerou mais dúvidas sobre o futuro das contas públicas. O presidente e seus aliados no Parlamento resolveram bancar o Auxílio Brasil com benefício de R$ 400. O valor surpreendeu, já que o próprio Bolsonaro havia aceitado R$ 300. Com o novo valor, serão gastos R$ 90 bilhões em benefícios sociais, dos quais R$ 30 bilhões vão ultrapassar o teto de gastos. Fica bem claro porque, a cada nova manobra do governo, a Bolsa cai e o dólar sobe.
Um dos mais recentes sinais desse movimento populista partiu de Bolsonaro ao afirmar que irá determinar ao ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, que revogue já no mês de novembro a bandeira de escassez hídrica da conta de luz. A bandeira tarifária de escassez hídrica foi criada no fim de agosto pelo governo e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ainda mais agressiva que a vermelha 2, ela vinha sendo aplicada e adiciona R$ 14,20 às faturas para cada 100 kW/h consumidos.
O grande problema da declaração do presidente é que dados técnicos do setor elétrico e do próprio MME comprovam que a tarifa de escassez hídrica não está sendo suficiente para arcar com os gastos extras de geração de energia térmica, para compensar a falta de chuvas. Com a fala populista, o presidente contrata mais incerteza para o setor elétrico e afasta investidores. Isso deve agravar ainda mais a situação de escassez hídrica em 2022.
Novas medidas virão. A intensidade e o impacto serão proporcionais à queda de popularidade do governo. Quanto mais perto da eleição, mais Medidas Provisórias e decretos sairão das canetas Bic que custam preço de Montblanc para o eleitor. Com isso, não há como prever um cenário positivo para 2022. A taxa de câmbio no Brasil deve seguir pressionada, perto dos atuais R$ 5,50. Os juros continuarão em alta. A inflação não vai dar trégua. O fluxo de capital do País seguirá em queda, algo próximo a US$ 55 bilhões – muito abaixo da média histórica, de US$ 70 bilhões. O PIB vai continuar achatado. Se crescer 1% em 2022 estará mais do que bom. Apertem os cintos, a corrida populista está só começando.