18/04/2018 - 9:00
Apesar do envolvimento em escândalos com amigos e até sua filha, o presidente Michel Temer ainda mantém os planos de lançar sua candidatura. Ele já até iniciou a montagem de sua equipe.
Um dos escalados é o advogado Gustavo Guedes, chamado pessoalmente pelo presidente. Guedes foi seu advogado no processo de cassação da chapa Dilma/Temer no Superior Tribunal Eleitoral. A chapa foi absolvida em polêmica votação no ano passado.
Temer disputa com Henrique Meirelles, ministro da Fazenda até duas semanas atrás, a preferência do MDB. Na última pesquisa Datafolha, Meirelles aparece com no máximo 1% das intenções de voto. Temer, por sua vez, alcança 2% no cenário em que o candidato petista é o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad .
Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, concedida em 21 de março, ele afirmou que estaria na corrida ao Palácio da Alvorada. Até então, isto estava fora dos planos. A guinada ocorreu diante da perspectiva de adversários políticos partirem à corrida eleitoral deste ano com o propósito de atacá-lo moralmente e desconstruir seu governo.
“No Brasil, sempre foi assim: quando um governo substitui outro, quer acabar com o que o governo anterior deixou”, afirmou.
Escândalos
O presidente está envolvido em diversos escândalos. Uma matéria, publicada pela Folha de S.Paulo, na última semana, apontou um possível favor recebido por Maristela Temer, sua filha.
Segundo a publicação, a filha de Temer teve a reforma de sua casa paga com dinheiro vivo entregue por Maria Rita Fratezi, mulher do coronel João Baptista Lima, alvo de investigações da Polícia Federal. O posicionamento oficial do Planalto foi feito por Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, que disse que Temer sofre um novo “capítulo de perseguição”.
“A própria falta de cautela, a agressividade de alguns setores ao se referirem ao presidente, sem que prova alguma exista a corroborar as afirmações que fazem, é, no meu entender, mais um capítulo desta perseguição que se faz ao governo”, afirmou Marun.
Operação Skala
Amigo de Temer, João Baptista Lima foi preso pela Polícia Federal no dia 29 de março, na Operação Skala. As investigações da PF dão conta de que o Decreto dos Portos, assinado por Temer em maio de 2018, favoreceu a empresa Rodrimar SA. Lima foi acusado de intermediar o pagamento de propinas.
No entanto, em 1º de abril, após decisão do ministro do Supremo Luís Roberto Barroso, o coronel foi solto após prestar depoimento. Nesta quarta-feira, o juiz Marcos Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, negou novo pedido de prisão preventiva contra Lima.
Também foram presos no âmbito da Operação Skala o advogado José Yunes, ex-assessor especial de Temer, e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi.