25/02/2021 - 10:58
Em meio a dúvidas fiscais e a uma agenda de peso nos EUA, a Bolsa brasileira iniciou o pregão tímida, tentando emplacar alta, com ajuda das ações da Petrobras, que sobem após o balanço considerado forte por analistas. Ontem, o índice Bovespa fechou em alta de 0,38%, aos 115.667,78 pontos, pelo segundo dia seguido.
Às 10h47, subia 0,39%, aos 116.116,61 pontos, após máxima aos 116.135,95 pontos. Os papéis da estatal davam força ao índice, com investidores avaliando as palavras do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
A companhia teve lucro de R$ 59,89 bilhões no quarto trimestre de 2020, atingindo recorde para um trimestre, seja em reais ou em dólar. A empresa também teve redução na dívida bruta e o conselho de administração da empresa aprovou o pagamento de R$ 10,3 bilhões em dividendos. Além disso, a Petrobras assinou contrato de venda de sua participação em nove campos terrestres do Polo Miranga, para a SPE Miranga, controlada pela PetroRecôncavo. O valor total da venda é de US$ 220,1 milhões.
“Temos algumas notícias positivas para Brasil como essas da Petrobras. Conseguiu reverter o prejuízo do ano fechou 2020 com ganho de R$ 7,1 bilhões. O Castello Branco entrega o chapéu cheio e saiu por cima”, descreve em análise matinal para clientes o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Em teleconferência que acontece esta manhã, Castello Branco ressaltou que a Petrobras de hoje é melhor que a de um ano antes. “Compromisso foi terminar crise melhor que começamos”, disse. Conforme ele, mais de 11 mil empregados aderiram ao PDV e que o home office reduziu a taxa de contaminação por covid-19, diminuiu custos e aumentou produtividade.
Em meio a debates sobre a política de preços dos combustíveis no Brasil, o executivo afirmou que o petróleo é commodity e cobrado em dólar e que não tem como fugir disso. Segundo ele, o combustível no País não é caro; média está abaixo do valor global. “Se Brasil quiser ser economia de mercado tem que ter preço de mercado”, disse Castello Branco. O executivo deve deixar a empresa após o presidente Jair Bolsonaro indicar o nome do general Joaquim Silva e Luna para o cargo, mudança que gerou estresse no mercado no início da semana.
Quanto ao fiscal, há incertezas sobre quando será a votação da PEC Emergencial do benefício a ser retomado para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade por causa dos efeitos negativos da pandemia de covid-19 e se haverá contrapartidas de corte de despesas.
Mais cedo, o Ibovespa desacelerou a velocidade de alta após a divulgação dos indicadores mistos nos Estados Unidos. As encomendas de bens duráveis no país subiram 3,4% em janeiro ante dezembro, ante previsão de recuo de 1,0%. Já a segunda leitura do PIB americano do quarto trimestre mostrou alta anualizada de 4,1%, na comparação com projeção média de analistas de 4,2%. Os pedidos de auxílio-desemprego caíram 111 mil na semana, a 730 mil, em relação à expectativa de 845 mil. O dado da semana anterior foi revisado, de 861 mil a 841 mil. No Brasil, a Receita informou que a arrecadação somou R$ 180,221 bilhões em janeiro, a segunda maior para o mês desde 2008, com queda real de 1,5% ante janeiro de 2020.
Apesar da alta do índice Bovespa, o risco de aprovação apenas da parte referente ao estado de calamidade, enquanto as contrapartidas fiscais ficariam para um segundo momento, pode continuar a pesar negativamente na percepção de risco dos investidores, pontua nota da MCM Consultores.
No entanto, depois da Eletrobras, cujas ações sobem acima de 2% esta manhã, há novos sinais de privatização governo que abrandam um pouco a percepção negativa dos investidores quanto ao fiscal e diante de indefinição no pré-mercado de Nova York. Ontem o presidente Jair Bolsonaro entregou o projeto de lei que permite a desestatização dos Correios.
Nem mesmo a instabilidade nas cotações do petróleo no exterior impede alta das ações da Petrobras. Já a elevação de 0,89% do minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, a US$ 174,24, beneficiar os papéis da Vale ON (0,25%) de forma moderada.
Apesar do novo reforço ontem pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) positivo, Jerome Powell, de que não haverá mudança na estratégia de política monetária e que, portando, a liquidez nos mercados mundiais devem continuar, o temor de aceleração inflacionária continua.