Desde novembro, o gerente de vendas Ricardo Hilkner, de São Paulo, tem uma carta de crédito do Consórcio Honda nas mãos. Ele aguarda um novo modelo que chegará às concessionárias em abril. ?Estou esperando para retirar a moto que quero?, afirma. Hilkner faz parte de um grupo de consorciados que não retiram seus bens após o sorteio. Segundo o Banco Central, só no ramo de automóveis 28.267 sorteados não buscaram seus bens no ano passado ? um salto de 33% sobre 2000. Há, ainda, os consorciados que preferem trocar a carta de crédito por dinheiro vivo. Para isso, têm de esperar o encerramento do grupo para sacar a bolada. ?Temos notado o aumento de contemplados que usam a carta de crédito como uma espécie de investimento?, diz Luiz Montenegro, presidente da Anef, associação dos bancos das montadoras. A partir do momento em que um consorciado é sorteado, o valor de sua carta de crédito é aplicado em um fundo de investimento. Mas será que essa aplicação financeira vale a pena?

A resposta é não. O primeiro motivo é que o valor do carro sobe mais do que o rendimento da Selic. Segundo a agência AutoInforme, o preço médio dos carros novos subiu 14,6% em 2004. No mesmo período, a rentabilidade líquida da Selic foi de 12,81%. Ou seja: insuficiente para comprar um carro zero. A outra razão é que seria mais lucrativo aplicar o dinheiro diretamente em um fundo do que fazê-lo via consórcio, onde se paga uma taxa de administração para o gestor e outra para o grupo do consórcio. ?Consórcio é bom para se adquirir bens porque não há juros?, diz Rodolfo Montosa, presidente da associação das administradoras de consórcios. ?Mas como investimento financeiro não vale a pena?.