12/01/2006 - 8:00
Ano eleitoral tradicionalmente é sinônimo de incertezas no mundo das finanças. É preciso montar a carteira de investimentos considerando a ameaça política extra que ronda todas as aplicações. O dilema entre risco e rentabilidade fica ainda maior para os investidores conservadores, aqueles que sempre põem a segurança em primeiro lugar. ?Ficar completamente de fora dos fundos mais instáveis também é arriscado. Você pode desperdiçar rendimentos muito atraentes?, adverte o consultor de finanças pessoais Mauro Halfeld. O jeito, então, é descobrir maneiras de aplicar com segurança. E a indústria de fundos já oferece opções ?blindadas? contra o risco, como as aplicações com capital garantido. No cenário positivo, em que os indicadores financeiros evoluem bem, o investidor deste tipo de fundo embolsa apenas parte dos rendimentos. Ou seja, o lucro fica abaixo da média do mercado. Em compensação, se os números se deterioram, o dinheiro investido permanece intacto. Com esta alternativa, é possível diversificar a carteira de investimento entre renda fixa e variável sem grandes sustos, mesmo em época de eleições.
No Itaú Principal Garantido, por exemplo, quando a Bolsa sobe, o investidor ganha apenas 40% do rendimento total do Ibovespa. Mas no pior cenário, se o mercado despenca, ele fica no zero a zero. ?É uma maneira segura de aproveitar a chance de aumentar os lucros aplicando em ações?, afirma Moacyr Castanho, diretor de fundos do banco. A aplicação mínima do Itaú Garantido é de R$ 500, e a taxa de administração é de 3%. Nesse tipo de aplicação, porém, é preciso ficar atento aos períodos de resgate. Diferentemente dos fundos convencionais, o Itaú Garantido tem prazo de vencimento. Só terá direito a parte dos lucros ou à isenção das perdas, quem sacar no último dia útil dos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro de cada ano. Quem precisar resgatar o dinheiro fora das datas de vencimento com certeza sairá no prejuízo. Por isso, esta não é uma alternativa para o curto prazo.
Outra opção para participar do mercado acionário sem precisar acompanhar diariamente o sobe e desce das ações são os fundos de dividendos. A carteira dessas aplicações é formada por companhias tradicionais ou potenciais pagadoras de dividendos. ?Existe o risco acionário, mas ele fica mais diluído entre papéis de diversos setores?, explica Rubens da Fonseca Monteiro, gerente da divisão de fundos da BB DTVM, a distribuidora de valores do Banco do Brasil. Criado em 2002, o fundo de dividendos da BB acumula uma rentabilidade invejável de 359%. Enquanto, no mesmo período, o Ibovespa teve ganhos de 220%. O fundo aplica nos setores de telecomunicações, energia, siderurgia e outros. Também aposta em empresas com menor liquidez, mas boas pagadoras de dividendos, como a Souza Cruz. Com aplicação mínima de R$ 200 e taxa de administração de 2% ao ano, o fundo do BB acumula um patrimônio de R$ 220 milhões.
Na renda fixa, as opções são mais limitadas, mas também o risco embutido é bem inferior. ?Este ano, o investidor precisará ficar atento ao vencimento dos títulos públicos das carteiras dos fundos de renda fixa?, afirma Castanho, do Itaú. Verificar o prazo dos papéis pode ser, dependendo do cenário econômico, mais seguro do que simplesmente escolher um fundo de capital garantido. As aplicações de curto prazo, compostas por papéis com vencimento inferior a 365 dias, provavelmente apresentarão menor volatilidade. Caso ocorra uma alta ou queda brusca na taxa de juros básica da econômica, os efeitos são bem menores nesse tipo de título.
?Para blindar a carteira, 40% dos recursos podem ficar no curto prazo?, completa Castanho