Para alguns analistas e investidores, é justamente nos momentos de turbulência no mercado que surgem as melhores oportunidades de lucro. É para essa turma que os fundos apelidados de tarja preta, com níveis de risco bastante elevados e promessa de retornos excepcionais, são indicados em períodos como o atual ? marcado por dúvidas sobre a manutenção da política econômica em um contexto eleitoral. ?As aplicações com maior grau de risco costumam se dar bem em cenários de mais volatilidade?, afirma José Alberto Tovar, da gestora de recursos carioca ARX Capital. Nessa categoria, os fundos multimercados aparecem entre os favoritos, mas numa versão ainda mais ousada. São investimentos chamados de alavancados, que aplicam valores bem acima do seu patrimônio.

Na família de fundos multimercados da ARX, o ARX Extra é o mais agressivo. ?É uma aplicação dinâmica, que busca acertar as posições de compra e venda em função da variação dos cenários econômicos?, explica Tovar. Com aplicação mínima de R$ 300 mil e taxa de administração de 2% ao ano, o Extra acumulou uma rentabilidade de 27,2% em 2005, até o dia 20 de dezembro. Apesar de ser uma boa alternativa para tentar ganhar com a instabilidade dos mercados, fundos como este são indicados apenas para o investidor que pode deixar o dinheiro aplicado por, no mínimo, seis meses. ?Esta não é uma aplicação para se acompanhar os rendimentos mês a mês e sacar os recursos na primeira baixa?, previne o gestor. No curto prazo, investimento com este perfil é quase sinônimo de prejuízo.

Feitos sob medida para quem gosta da adrenalina de navegar em águas turbulentas, os fundos alavancados rendem melhor em tempos de crise do que na calmaria. No ano eleitoral de 2002, por exemplo, as aplicações mais arriscadas do mercado foram precisamente as que tiveram as melhores performances. Já no ano passado, comparativamente muito mais tranqüilo, as rentabilidades decepcionaram. Com os juros altíssimos garantindo ganhos fáceis nas aplicações mais conservadoras, os multimercados mais ousados sofreram uma onda de saques, o que resultou em perdas de rendimento. Para evitar esse problema e, como conseqüência, garantir mais segurança para os investidores, a maioria das gestoras estipulou um período de carência. O prazo mínimo para sacar os recursos é, em média, de 60 dias.

As contra-indicações dos fundos tarja preta não param por aí. A regra do jogo é clara: se o gestor erra feio a estratégia e falta dinheiro para quitar uma operação, quem paga a conta é o investidor. Isto mesmo: o cotista pode ter que sacar dinheiro do próprio bolso para zerar os prejuízos.

Quem aceita condições como estas e tem comprovado apetite para risco encontra opções alavancadas também entre os fundos de ações. Os principais bancos de varejo oferecem o produto, com aplicações mínimas a partir de R$ 5 mil. Outra alternativa ousada são os fundos de ações de segunda linha, os chamados small caps. Suas carteiras são normalmente compostas por papéis de companhias de médio porte com baixo volume de negociação na Bolsa de Valores de São Paulo. Neles, não aparecem as tradicionais estrelas do pregão, como Petrobras, Telemar ou Vale do Rio do Doce. E não existe o compromisso de acompanhar diretamente o desempenho dos índices da Bovespa. O Small Caps Valuation em Ações, do BankBoston, por exemplo, só aplica em empresas com valor de mercado de no máximo R$ 3,5 bilhões. Apesar de ainda esbarrar no risco da baixa liqüidez, essa categoria pode apresentar bons resultados mesmo em momentos de baixa no pregão.